sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MELHOR QUE RECLAMAR DA PIZZA É FECHAR A PIZZARIA

Eu sempre dei risada desse papo absurdo de se fechar a Câmara ou o Senado. Sempre levei isso como coisa de ditador tirano filho da puta. Mas diante do que tá acontecendo ultimamente, eu não vejo solução mais prática, econômica e democrática pra tentar resgatar um pouco da dignidade da gente. Não seria um ato de tirania, seria um lance democrático, partiria do povo. A gente simplesmente não quer mais. É isso, fecha essa merda.

Assim, pelo menos, a gente não passa raiva. Não se sente tão idiota. E depois, se o Congresso fechar não vai fazer falta nenhuma mesmo.

Primeiro porque a separação dos poderes só funciona se os poderes forem realmente separados. E quem disse isso não fui eu, foi o Montesquieu. Mas quando a função do Legislativo passa a ser unicamente a de dizer amém pra todas as vontades do Executivo, a gente pode simplesmente abrir mão de ficar bancando essa estrutura monstruosa que alimenta esse bando de filho da puta.

E o que aconteceria, então, com o Legislativo fechado? Será que não viraria tudo um caos? A resposta, e pra mim isso tá cada vez mais claro, é não.

O Brasil já vive sem Legislativo há muito tempo, a gente é que ainda não se deu conta. Ou você acha que alguém ali legisla? Então pronto, não precisa mais fingir que os caras vão fazer votação de projeto, vão debater assuntos de interesse nacional, deixa isso pra lá. Não precisa mais montar Conselho de Ética. Não precisa mais entrevistar a Ideli Salvatti. A gente não faz mais questão. Pode fechar, vai todo mundo pra casa, depois a gente vê o que faz com a mobília dos gabinetes.

Também não adianta esse papinho de analista político de que “cabe a nós promover uma limpeza na próxima eleição”. Porra nenhuma, não cabe a "nós" porra nenhuma. Porque entre "nós" sempre vai ter um filho da puta pra botar os caras lá de volta. Pode cassar o mandato do Renan Calheiros, ele sempre vai ter alguém pra reelegê-lo em Alagoas. E se não for em Alagoas, vai ser em outro lugar. Aliás, tá provado que num país onde tanta gente só pensa em se arrumar, em levar vantagem, em ganhar unzinho por fora, o único povo que presta, que se preocupa de verdade com o próximo, é o do Amapá, que elege o Sarney em todas as eleições pra que ele possa defender os interesses dele e dos amigos dele lá do Maranhão.

Pra acabar, só queria registrar que pra mim, mais nojento do que o vilão assumido é o vilão covarde, traidor, ingrato, infiel. Fernando Collor, Renan Calheiros, José Sarney e até as estrelas de escândalos anteriores, como Severino Cavalcanti e Roberto Jefferson, pelo menos têm a dignidade de fincar o pé nas suas posições. Podem não ter um pingo de ética, mas pelo menos não tentam fingir que têm. Isso é mais digno, por exemplo, do que um presidente que assume a defesa do indefensável, exigindo até tratamento diferenciado pro Sarney, e quando coisa fica feia, tira o dele da reta e diz que o assunto é exclusivo do Senado. É mais digno do que esse Mercadante, pseudo símbolo da ética com esse teatrinho eterno de fingir indignação, dar chilique, fazer beicinho, e que sempre, sempre afina no fim, colocando o rabinho entre as pernas e recuando quando o Grande Pai do partido chama ele no cantinho. E é mais digno também que esse bando de bunda mole do PSDB, partido com o qual eu sempre me identifiquei, mas que também já deu no saco. Todos esses dissimulados, enfim, gostam de pensar que são melhores, mais honestos e mais dignos que Collor, Calheiros, Sarney, Cavalcanti ou Jefferson, mas no fundo cheiram igualzinho.

É por tudo isso que eu digo: fecha de uma vez por todas essa merda. E fecha logo, antes que o Luxemburgo se eleja por Tocantins.