quinta-feira, 14 de maio de 2009

TODOS OS PALAVRÕES DO MUNDO

Sábado, 9h30 da madrugada. Triiiim! Triiiim! E triiiim!

- Alonfs!

Eu, decididamente, não consigo conversar direito quando acordo.

- Bom dia! Eu gostaria de estar falando com o senhor Eduardo?

O tom é de pergunta. Ela tá afirmando, mas o maldito tom, você sabe, é sempre de pergunta.

- Souspf...

- Perdão?

- Sou eunf...

- Aaah, é o senhor. Tudo bem com o senhor, senhor Eduardo?

- Tufff...

- Que bom!!!

Ninguém nunca tinha ficado tão feliz por saber que tava tudo bem comigo. Cínica.

- Aqui é, sei lá, Liziete Arruda, da American Express, e eu gostaria de saber se o senhor tem interesse no nosso novo cartão Championship Plus Fashion Week Of The World?

- Nãopf...

- Nãããããooooo?

- Nãopf...

- Mas por quêêêêê? O senhor não quer conhecer todas as vantagens que ele oferece, senhor Eduardo?

- Nóf...

- Perdão?

- Nãããopf!!!

- Mas eu posso saber por quê?

- Porque eu nunca aceito nada de uma empresa que me acorda no sábado de manhã...

Ela perdeu o rebolado, agradeceu gaguejando e desligou. Eu caí na risada, mas perdi o sono. Só que a história não acabou por aí.

Porque as meninas da American Express me acordaram de novo na segunda de manhã.

E me ligaram de novo na segunda à tarde.

E me acordaram de novo na terça de manhã.

E me ligaram de novo na terça à tarde.

Cada ligação feita por uma moça diferente. Andrienne, Suélen, Démymur e toda a fauna oficial... E eu, dalailâmicamente, pedindo pra tirarem o meu nome da bagaça, porque eu já tinha dito que não tava interessado.

Mas as meninas da American Express não conhecem a palavra “não”. As meninas da American Express são as soldadas do Império do Incômodo. As meninas da American Express têm uma meta a atingir. E ligaram de novo na quarta de manhã e na quarta à tarde. Dessa vez, no entanto, eu não tava em casa em nenhuma das 2 ligações.

Só que elas me acordaram de novo hoje. E, finalmente, no caminho até o telefone, eu decidi que já ia atender xingando. Não ia nem falar alô, ia arregaçar logo de cara. Mas pra aumentar ainda mais a minha raiva, quando eu botei a mão no telefone, elas desligaram. Imediatamente, todos os palavrões que eu ia soltar ficaram amontoados na minha boca, como uma multidão se empurrando pra passar na porta estreita de um cinema pegando fogo.

Agora eu estou esperando ansiosamente a ligação da tarde.

Aposto que ela vai render um belo post... :o))

3 comentários:

  1. Eu não acredito que você dispensou o novo cartão Championship Plus Fashion Week of the World sem nem dar chance à Suéllem de te falar sobre as incríveis vantagens do Super Fashion Adittional Card Plus "que o senhor pode usar... por exemplo... o senhor é casado?"

    Duda, eram 7h30 de uma 3ª feira quando me ligaram, e eu tinha trabalhando até as 5 da manhã. Só que, quando a Suéllem chegou na parte do "por exemplo... a senhora é casada?" eu consegui pronunciar claramente todos aqueles palavrões que você preparou com tanto carinho.

    E ainda tem gente que tem a bárbara coragem de ir a público dizer que vida de telemarketeiro é estressante, que os pobres coitados acabam precisando de tratamento psicológico por causa da grosseria das pessoas etc e tal.

    Só que, para impedí-los de nos incomodar, nós é que temos que preencher uma completíssima ficha virtual que só Deus sabe onde vai parar, já que nos camelôs da Santa Ifigênia tem até CDs com dados dos contribuintes da Receita pra vender.

    Acho que tinha que ser exatamente o contrário: o telemarketing deveria ser terminantemente proibido, a não ser para quem preenchesse uma completíssima ficha virtual para autorizá-lo. Aí sim, nós seríamos poupados do aborrecimento e a Suéllem ficaria livra para procurar um emprego honesto. rararará!

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