quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FELIZ TUDO AQUILO

Pra comemorar a primeira passagem de ano do Onde Eu Tava Mesmo?, reproduzo aqui o texto de final de ano que eu fiz pra agência onde eu trabalho (eita blogueiro preguiçoso, nem pra escrever uma mensagenzinha nova...). É o seguinte:

Antes de 2009

- saia justa na universidade era só uma bronca do professor;

- ato secreto com parentes era só um sorteio de amigo-oculto;

- gripe suína era só uma constipação de porco;

- apagão era só uma desculpa de aluno que ia mal na prova;

- Nobel da Paz era só um prêmio para quem ajudava a evitar a guerra;

- e presentinho escondido na meia era só uma surpresa do Papai Noel.

É impossível prever quantas outras mudanças desse tipo vão acontecer nesse ano que vem por aí. Mas o que dá pra afirmar, com certeza, é que a gente vai continuar dando muitas risadas juntos!

Feliz 2010 pra todo mundo!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ÀS VEZES A OPINIÃO PÚBLICA MACHUCA

Caraaaaca, eu ia falar disso antes mas não deu tempo: adorei o que rolou com o Berlusconi!!! HAHAHAHA!!!

Na verdade eu já achava que a gente devia lançar uma campanha pra ofender os políticos nas ruas, em qualquer lugar que eles fossem. Tipo, o Sarney entra num restaurante e todo mundo age como se ficasse histérico, começa a chamar a polícia, grita pra tomar cuidado com a carteira...

Aí o Zé Dirceu entra no elevador, e a gente aperta todos os botões, de todos os andares, e quando a porta abre a gente põe a cabeça pra fora e grita "galera, cuidado que parece que tem ladrão no prédio!"

Aí, no avião, os passageiros ao lado do Arruda chamam a aeromoça e falam que querem mudar de lugar, porque tão com medo de serem furtados.

Tudo sem citar os nomes dos caras, que é pra não dar processo, só pra encher o saco mesmo e tornar a rotina deles um pouco desconfortável. Seria uma puta criancice, e é lógico que não ia adiantar nada, mas ia ser gostoso, num ia?

Agora, o que aconteceu em Milão, pra mim, foi um aperfeiçoamento ainda mais utópico dessa teoria. O protesto que eu imaginava seria pacífico, mas essa ideia do italiano de mandar os caras pro hospital talvez fosse bem mais eficiente.

Sem contar que tudo seria muito mais divertido.

DEPOIS NÃO QUEREM QUE A GENTE ESQUENTE

Aquela pessoa que ocupa a presidência declarou hoje em Copenhague que o Brasil pode doar dinheiro pro fundo de financiamento que vai ajudar os países pobres na adaptação necessária pro combate às alterações climáticas.

Pô, já que o dinheiro tá sobrando, será que dava pra me liberar de pagar tanto imposto por um tempinho? É que o meu tá meio contado, sabe?


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O PROBLEMA É QUE A OVELHA É PORCA

Vi no Terra que cientistas australianos estão realizando pesquisas genéticas para DESENVOLVER UM TIPO DE OVELHA QUE ARROTE MENOS!!!! Daí eu pergunto: hãn?

Segundo a notícia, 10% das emissões de gases poluentes na Austrália provêm do metano produzido por 8 milhões de ovelhas, que, pelo jeito, ficam fazendo campeonato de arroto o dia inteiro.

Acho sinceramente que a primeira providência a ser tomada é parar de dar Coca-Cola para esses bichos. E pensar com carinho na hipótese de resolver primeiro os problemas que causam os outros 90% da poluição.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A GENTE VÊ MALDADE EM TUDO

Aquela pessoa que ocupa a presidência disse que as imagens de pessoas ligadas ao governador do Distrito Federal escondendo dinheiro na meia não falam por si. Por isso o Onde Eu Tava Mesmo? decidiu cumprir o dever cívico de encontrar hipóteses que reforcem a opinião dele. São elas:

Frio no pé. É sabido que Brasília é uma cidade muito, muito fria. Então, dependendo da circulação da pessoa, a meia não é suficiente pra deixar o pé quentinho.

Baixa estatura: Todos sabem que as palmilhas são produzidas em tamanhos fixos, o que acaba diminuindo a gama de opções oferecidas aos baixinhos. Assim, a inclusão de notas na meia permitiria ao anão em questão um ajuste de altura muito mais preciso.

Rastreamento de notas: Talvez o cara flagrado no vídeo estivesse vivendo o drama de ter um familiar seqüestrado. Sabe como é, ali na região do Congresso tem muito filho da puta andando livremente, a gente nunca sabe. E todo mundo já ouviu falar de casos de pagamento de resgate em que a polícia sugere a marcação das notas ou a inclusão de instrumentos que facilitem o rastreamento do dinheiro após a liberação da vitima. O contato do dinheiro com o chulé, portanto, cumpriria as duas funções de uma vez, marcando as notas e facilitando o rastreamento, revolucionando, inclusive, o combate ao crime organizado.

Campanha educativa: A mensagem é clara: o cara se deixou filmar botando a grana na meia pra mostrar que o ser humano deve sempre ficar acima do dinheiro.

Incentivo ao cinema: A cena faz parte das filmagens do documentário “Expressões Ao Pé Da Letra”, e o cara era na verdade um ator contratado para encenar o Capítulo “Como Fazer Seu Pé De Meia”.

Bom, com tantas hipóteses plausíveis, acho que tá claro que aquelas imagens realmente não falam por si. Mas eu continuo achando que talvez possa ter sido suborno mesmo.

NADA É TÃO RUIM QUE NÃO POSSA PIORAR

Ainda sobre o tema abaixo, uma fonte revelou que a Playboy curtiu essa coisa de fotografar mulheres que sejam interessantes pelo seu intelecto, ou, como tá na moda dizer, que tenham "conteúdo".

Inclusive, parece até que as negociações para o ensaio com Maria da Conceição Tavares já estariam muito bem encaminhadas...

NÃO DEIXE DE PERDER

Essa tava no site da Globo: "Fernanda Young diz que Playboy com ela teve venda maior que o que se esperava".

Ah, é, Fê? E vendeu quanto, umas 4 edições?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

FILHA DE PEIXINHO...

Apesar de ter apenas 3 anos, Suri Cruise, a filha bonitinha do Tom Cruise e da Katie Holmes, foi fotografada outro dia usando um sapato de salto alto.

Espero que o Tom não guarde nenhuma arma em casa, porque pra mim tá claro que essa menina anda pegando coisas no armário dele...

CONSTATAÇÃO

Só existe uma coisa mais abominável que uma criança com cabelo tigelinha: um adulto com cabelo tigelinha.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

FATWA

Leonardo Lima é um filho da puta.

Acha que pode ser jogador de futebol, e como é uma anta, resolveu criar um jeito infalível de realizar seu sonho. Saiu lá do Piauí, chegou em São Paulo, botou uma camiseta laranja pra homenagear o Cruiff (???!!!), escreveu uma mensagem bem bonita nela e foi ao jogo do São Paulo. Só que Leonardo Lima não queria torcer pra ninguém. Queria só invadir o campo para que as câmeras o focalizassem.

Estava dado o recado.

Enquanto era esganado pelos policiais que o retiravam, Leonardo Lima contava pro mundo, via camiseta, que só queria um chance de ser jogador profissional. Não é genial? Eu não sei como não choveu presidente de clube falando “putz, esse cara deve ser bom, vou dar uma chance pra ele e depois vou vender ele pro Milan”...

Mas mesmo depois dessa atitude criativa e inteligente Leonardo Lima não recebeu nenhuma proposta milionária, por mais estranho que isso possa parecer. E embora tenha interrompido um espetáculo público gastando o tempo da TV e a paciência de torcedores como eu, Leonardo Lima não foi punido.

O mesmo não se pode dizer do São Paulo, que perdeu o direito de jogar a última partida do campeonato no seu estádio, e será obrigado a decidir o torneio a, no mínimo, 100 km de casa. Isso significa abrir mão de uma renda de mais ou menos uns 2 milhões de reais, sem falar no prejuízo técnico, na parte da torcida que não vai poder ver o jogo ao vivo...

Mas Leonardo Lima não se arrepende. Afinal, era o sonho dele, não é? E numa das entrevistas que anda dando por aí, todo orgulhoso, contou que ao sair da delegacia foi liberado para ir ao estádio sempre que quiser. Talvez, na sua cabeça de ameba, Leonardo Lima ache que isso seja uma prova de que o que ele fez estava certo.

Por isso, todo são-paulino tem agora um dever cívico: quem achar esse calango filho da puta na rua tem a obrigação de encher ele de porrada! Sem dó, pro resto da vida! Até Leonardo Lima aprender que o mundo não tá à disposição dele.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

NAU SEM RUMO. E MOVIDA A VELA.

Se eu tivesse uma rede de TV, liberaria quem trabalhasse na minha equipe de repórteres pra xingar o entrevistado que merecesse. Tipo ontem, por exemplo:

- Mas o senhor não acha um absurdo que em 2009 o Brasil ainda sofra com um caso de apagão?

- Nãããão, de forma alguma, o Brasil tem UM DOS SISTEMAS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA MAIS MODERNOS DO MUNDO!

- Ah, meu senhor, vai tomar no seu cu! Alguém aqui tem cara de trouxa?

- Mas é que...

- Avançado pra cacete, esse seu sistema! Só num pode ventar no mundo, porque se bate um vento, pfuf... Apaga até o Paraguai!

- Mas a linha...

- Não, chega, não quero mais ouvir você! Cê é muito cara-de-pau, sai daqui...

Minha emissora não ia durar muito tempo no ar, mas pelo menos a gente não ia ter gastrite.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

FOI-SE O MARTELO

Resolvi aproveitar esse vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim pra falar num assunto que eu já queria comentar faz tempo: eu não entendo como a gente pode ter, em 2009, um ministro do PCdoB!

Não é questão de concordar ou discordar da ideologia dos caras, de ser capitalista, anarquista, dadaísta, Dudaísta... Eu só acho que, pô, o bagulho não existe mais! Cabô, né, gente?

E o que me preocupa é que isso abre um precedente perigoso pra caramba, porque daqui a pouco vai ter senador se elegendo pelo Partido da Máquina de Escrever! E ministro nomeado pelo Partido da Vitrola...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

NOTÍCIAS DO FRONT

A coisa tá tão feia no Rio que o exército já tá cogitando usar armas privativas do tráfico.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

PRA QUE ESSA PRESSA, GENTE?

Vi uma reportagem sobre um americano que tinha sido condenado à morte por estupro e assassinato, mas resistiu a 18 injeções letais. Louco, né?

Agora, o judiciário americano não sabe o que fazer. Por isso, o Onde Eu Tava Mesmo, cumprindo seu dever cívico, deixa aqui a sua proposta pra resolver esse dilema: vão tentando.

É só fazer assim, ó: amarra o candango na mesa de novo, abre bem o olho direito dele, e aplica uma injeção atrás da outra, que uma hora ele morre. Num tem pressa. Ele morre...

(Ah! Depois, se der, coloquem o vídeo no YouTube pra gente dar uma olhadinha, tá?)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

HAHAHA, A-HA!

Vi também que o A-HA divulgou hoje que vai parar de tocar em 2010.
Ué, mas o A-HA ainda existia???

A PÁ DE CAL

Eu acredito na honestidade do senador Suplicy. Acho, claro, que ele não sabe escolher esposa, mas isso não significa que o cara seja desonesto.

Só que eu acabei de ver na Internet uma foto dele desfilando pelo Congresso Nacional vestindo uma cueca vermelha sobre um terno preto, todo sorridente. Parece que foi um pedido do Pânico na TV, não sei direito, e também isso não vem ao caso.

Veja bem, o cara é um Senador da República. A gente espera que no horário comercial ele esteja trabalhando no Congresso, justificando o salário que a gente paga, e aquela estrutura indecente que a gente banca. Mas não, o cara tá fazendo papel de idiota, cumprindo ordens da Sabrina Sato.

Acho que não é preciso dizer mais nada.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

MOMENTO TROCADILHO

Falando em paz, eu gosto de ficar atribuindo familiares imaginários pras pessoas. Sabe, por exemplo, aquela atriz espanhola, a Paz Vega? Pois é, pra mim, ela tem uma irmã que ficou milionária jogando na roleta.

O nome da moça é Las Vega... :o))

GUERRA E PAZ

Falando nisso, cê entendeu esse Nobel da Paz pro Obama? Quer dizer, acho o cara muito legal, torci pra ele ganhar a eleição e tudo, mas não é engraçado que o Nobel da Paz seja concedido ao presidente do único país que tá em guerra atualmente? Sei lá, se tem que dar um Nobel pro cara, pega uma autobiografia dele e dá o de Literatura, né?

LUA CHEIA

Tá certo que os americanos curtem dar uma bombardeadazinha nos outros pra espantar o tédio de vez em quando, mas pô, precisava mesmo bombardear a Lua?

Quer dizer, será que o meio-de-campo da seleção do mal agora é Bin Laden, Ahmadinejad, Hugo Chávez e São Jorge? Se for isso, as coisas pra mim começam a fazer bem mais sentido, porque aí esse teria sido, tipo assim, um bombardeio preventivo, entende?

- Senhor presidente, podemos conversar a sós?

- Yes, we can! (rsrs...)

- As últimas fotos da NASA revelaram a existência de uma espada na Lua. Nosso departamento de inteligência ainda não conseguiu definir se ela pertence a São Jorge ou se isso seria um indício de que esses terroristas lunáticos guardam mesmo armas de destruição em massa, conforme já suspeitávamos. Por via das dúvidas, sugerimos um ataque preventivo para garantir o bem-estar do povo americano...

Putz, num deve ser fácil ser superpotência...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

É PRA RIO PRA CHORAR?

(Tô escrevendo esse post de madrugada, portanto ainda não sei onde serão as Olimpíadas de 2016. Então lá vai, 1, 2, 3, começou o post)

Quando eu era pequeno, chamava as Olimpíadas de Olimpêudas. Não tinha nenhum motivo específico, eu era uma anta mesmo. Mas eu lembrei disso porque daqui a umas 10 horas o Comitê Olímpico vai definir onde será a Olimpíada de 2016.

De qualquer jeito a gente vai se fuder, isso todo mundo sabe.

Se o Rio ganhar, já tão dizendo que serão gastos 30 bilhões de reais pra deixar a cidade pronta pra receber o evento (e se tão assumindo que vão gastar 30 é sinal de que vão desaparecer, no mínimo, uns 150).

Agora, se o Rio perder, a gente já sabe que daqui a 4 anos a mesma corja vai bater mais um recorde olímpico de gastos, e vai sumir com mais algumas centenas de milhões, de novo, na Candidatura Rio 2020. E na Rio 2024. E na Rio 2028... Resumindo, se correr o bicho assalta, se ficar o bicho rouba.

Mas o que eu acho mais cara-de-pau nessa história toda é a lenda do “legado”.

Aaah, o legaaaaaaado...

Os caras querem convencer a gente de que esses 30 bilhões são uma pechincha perto das benfeitorias que a cidade vai herdar. Os novos leitos de hotéis, as novas linhas de metrô, a geração de empregos, o parque aquático...

Porra, então leva a Olimpíada pra Rio Branco!

Num é? Do Acre para o mundo! Aliás, o logotipo já tá quase pronto! Rio (Branco) 2016! Ou Juazeiro 2020! Garanhuns 2020! O bagulho num é social e desprendido de bens materiais? Então vamu aí, oras...

Isso sim seria uma Olimpíada com legado, pô. O resto é Olimpêuda...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

PELADEIROS

Percebi que eu nunca falo nada aqui no blog sobre duas coisas que eu adoro: publicidade e futebol.

Mas tem um fenômeno rolando (sem trocadilhos com aquela baleia dentuça que você sabe quem é) que eu acho que merece um post: é essa mania de jogador tirar a camisa quando faz um gol.

Juro que eu ainda não entendi muito bem essa história. Eu quero dizer, o que que leva o cara a tirar a camisa de tanta alegria? Outro dia teve um jogador da Roma que tirou até o calção! Pô, será que num dá mesmo pra comemorar o gol vestido? Tudo bem que fazer um gol num estádio lotado deve ser legal pra caramba, mas eu confesso que não consigo imaginar esse patamar de felicidade que impede a pessoa de ficar vestida em público.

E num vou aqui nem questionar se vale a pena o cara fazer isso já sabendo que vai levar um cartão amarelo, que pode ser expulso, que pode desfalcar o time, que vai esconder o patrocinador na hora em que as câmeras tão em cima dele, etc, etc, etc. O ponto que me interessa é como é que o cara chega nessa sensação de “ai, meu Deus, que vida boa, que felicidade, eu preciso tirar essa camisa”!

Já imaginou viver assim? Toda vez que fica feliz, cê tira a roupa!

Tipo, um aniversário de 6 anos, por exemplo:
- Parabéns pra vo-cê! Nessa data que-ri-da! Muitas felici... Que é isso, Junior, veste esse calção de novo, menino!

Ou então o repórter ao vivo lá no Vaticano:
- E a expectativa é grande, porque em segundos o novo papa aparecerá no balcão de seus aposentos para acenar, pela primeira vez, para os fiéis que lotam a praça. Atenção, parece que a janela está se abrindo. A multidão se agita! E aí está ele, o novo pap... mas esperem, ele tirou a batina e começou a rodá-la sobre a cabeça!!!

Ou o cara indo no restaurante, com a mulher e os filhos.
- Senhor, a sua mesa está pronta, queira me acompanhar...
- Gãããnnnhááááuuufs!!!
- Mãããe, o papai foi tirar a camiseta e prendeu a cabeça deeentro...
- Ai, Luiz Otávio, toda vez que a gente arranja uma mesa aqui é a mesma coisa...
- Gnhuuugff!!!
- Puxa que ela sai, Luiz Otávio, se você vestiu ela tem que sair...
E o marido lá, como se tivesse um polvo grudado na cara, com a barriga de fora, mexendo o tronco pra um lado e pro outro, e puxando a camiseta com as duas mãos pra ver se desentala a cabeça.

Decididamente, eu nunca vou entender. Ainda mais nesse frio.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

PAPO HIPOTÉTICO SEI LÁ ONDE

- Eita, num fala mais cas colega, não, é?

- Oxa, desculpe menina, não tinha lhe visto! Tudo bem?

- Bããão, e você?

- Bem, tamén.

- E as novidadji?

- Ah, tô de licença, que eu tô com uma dor aqui que tá me matando, ó...

- Vigi Maria, menina, já tive isso! Deus o livre!

- Ai, mas é uma dôôô. Dói o dia todinho, colega, nunca vi! Daí eu tava ficando muito istressada, disprimida, resolvi ir viajar pra descansar um pouco.

- Ah, é? Vai mais quem?

- Vou mais umas colega! Num qué ir mais nós? Vai ser supermassa!

- Ah, eu num posso, brigada...

- Aaah, pur caus di quê?

- Pur caus que eu vô ganhar nenê!

- Eita, Deus qui abençoe, parabéns!

- Brigaaada, hahaha!!!

- Tá de quantos mês?

- Dois.

- Ai, qui gostoooso... E vai chamar como? Já escolheu, já?

- Já. Se for menina vai chamar Bioncê.

- Qui lindo! E se for menino?

- Daí vai chamar Réripoter.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

LINK DIRETO PRO CÉU

Essa eu vi no Globo.com:

Gunther Link era um austríaco de 45 anos muito, muito católico. Acontece que ontem Gunther Link ficou preso no elevador. Rezou, rezou, rezou, e saiu do elevador são e salvo. Imediatamente, Gunther Link foi até a igreja pra agradecer. De tão emocionado, abraçou um pilar de pedra que servia de apoio para um altar. Aí Gunther Link rezou, rezou, rezou, mas aí o altar de pedra caiu em cima dele e ele morreu na hora.

Com certeza São Pedro vai liberar a entrada do Gunther Link no céu. Mas vai ter que fazer uma força da porra pra não cair na gargalhada na hora em que ele estiver passando... :o))

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

ESCOLHAS DE VIDA

Antes de você começar a ler, já vou avisando que esse post vai ser longo... Rsrsrs

Nos últimos dias eu pensei nesse texto que escrevi no Carnaval de 2005 ou 2006 e mandei pra alguns amigos. Tô reproduzindo cortando alguns pedaços pra coisa não ficar ainda mais longa, e depois eu conto por que lembrei dele.

(Ah, só uma coisa: essa expressão “maionese”, que aparece várias vezes, a gente usa entre amigos, e significa o mesmo que “pão com ovo”, “cafona”, “excessivamente desglamourizado”, você sabe...)

Então lá vai:


MESTRE CIRILO

Eu tentei.
Nesta sexta-feira de carnaval eu tentei acompanhar a manifestação popular mais cheia de maionese do planeta.

Superei o fato de o Chico Pinheiro insistir que a tal escola que homenageava o México devia ser convidada pelo governo mexicano pra ir desfilar lá no país.

Superei a insistência dele na idéia de que se as crianças do mundo conhecessem o verdadeiro carnaval brasileiro, “aquele ratinho (também conhecido como Mickey Mouse) ia ficar desempregado”.

Superei as explicações do tipo “com esta fantasia com pluma roxa e chapéu lilás o carnavalesco simboliza a busca incessante do homem pela harmonia com a Galáxia de Andrômeda”, ou “com este carro alegórico que corre água e faz piuí, o carnavalesco quer passar a confiança dos búlgaros na paz no Afeganistão”.

Mas aí veio a Vai-Vai.

Levantando a avenida, como eles dizem, embora todo mundo saiba que aquela porra de sambódromo não é uma avenida. A Marginal Tietê, onde ele fica, sim, é uma avenida, mas a “passarela do samba”, o duto da maionese, não é uma avenida. Está ocupando um espaço que poderia ser transformado em avenida, diminuindo o trânsito e servindo pra alguma coisa útil, mas não é uma avenida. E a não ser que as pessoas que passavam pela Marginal naquele momento tivessem ficado de pé, me pareceu estúpido ouvir que a Vai-Vai levantou a avenida. Mas tudo bem, eu superei isso também.

Só que então a câmera mostrou a bateria. Maioneeeese. Todo mundo feliz. E a câmera correndo entre os instrumentos. Elogios para o ritmo. Elogios para a fantasia. Elogios para a competência. E surge um ser na tela, muito, muito feliz. E então a Lecy Brandão (quem mais?) me solta a pérola:

- Mestre Cirilo!!! (assim, como se fosse uma acusação. Mas não era uma acusação. Era a introdução de uma biografia única na cultura maionésica. Porque Mestre Cirilo tem uma emocionante história de vida. Mestre Cirilo é brasileiro e não desiste nunca. E sabem como eu sei? Porque a Lecy, cheia de admiração, completou a apresentação)

- ... 30 anos dedicados ao tamborim!!!

FILHO DA PUTA!!!!!!!!

O cidadão dedicou 30 anos da vida dele ao tamborim!!!! Podia ter feito alguma coisa útil pra humanidade, podia ter construído um puxadinho, ter ajudado a mãe a arrumar a cama, ter olhado o filho de alguém, ter doado sangue, ter varrido a rua, ter criado uma ONG, sei lá, mas Mestre (???!!!) Cirilo preferiu dedicar 30 anos ao estafante domínio do tamborim.

Isso significa que antes de eu completar 3 anos Mestre Cirilo já estava enfurnado em sua residência dedicando-se ao seu objetivo de vida. Não pediu Diretas Já, porque estava aperfeiçoando seu breque. Não viu o Collor cair, porque estava estudando um novo repique. Não ligou pro onze de setembro, porque estava buscando a tensão perfeita do couro.

Deve tocar tamborim pra cacete, o Mestre Cirilo (eu não sei, porque eu desliguei a TV). Mas, mesmo assim, eu quero que ele e a Lecy Brandão vão pro inferno.


Bom, o texto era esse. E eu andei lembrando dele por causa do Luca Badoer, esse piloto italiano que tá substituindo o Massa na Ferrari.

Luca Badoer é o piloto de testes da equipe há 10 anos, mas como nessa temporada os testes foram proibidos, ele é um piloto de testes que não testa. Deve compensar buscando Coca-Cola pra galera, fazendo uns sandubas pros mecânicos, ou então coçando as costas de quem tá de luva. Mas o que importa é que são 10 anos esperando uma chance. Esperando, e esperando, e esperando...

E então, bum!

O Massa cabeceia uma peça do carro do Rubinho, o Schumacher diz que vai, mas num vai, e a chance aparece. E aí o cara vai lá, senta no carro, acelera tudo que pode e, caraca, larga em último e chega em último! De Ferrari, porra!

Mas tudo bem, vamu lá, tô só esquentando, na próxima eu ganho, agora vai, lá vou eu e... vem a segunda corrida e o cara larga em último e chega em último de novo.

Fiquei imaginando o que deve tá passando na cabeça desse cara. Tipo, dedicar 10 anos a um sonho e, na hora de realizá-lo, ver as coisas acontecerem do pior jeito possível. E por duas vezes, que é pro cara não poder nem culpar o azar! Que merda, imagina?

Por isso, tenho quase certeza de que o Luca Badoer deve estar se perguntando se não devia ter investido esses últimos 10 anos em outra carreira. Hoje, talvez faltassem só mais 20 pra ele detonar no tamborim...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MELHOR QUE RECLAMAR DA PIZZA É FECHAR A PIZZARIA

Eu sempre dei risada desse papo absurdo de se fechar a Câmara ou o Senado. Sempre levei isso como coisa de ditador tirano filho da puta. Mas diante do que tá acontecendo ultimamente, eu não vejo solução mais prática, econômica e democrática pra tentar resgatar um pouco da dignidade da gente. Não seria um ato de tirania, seria um lance democrático, partiria do povo. A gente simplesmente não quer mais. É isso, fecha essa merda.

Assim, pelo menos, a gente não passa raiva. Não se sente tão idiota. E depois, se o Congresso fechar não vai fazer falta nenhuma mesmo.

Primeiro porque a separação dos poderes só funciona se os poderes forem realmente separados. E quem disse isso não fui eu, foi o Montesquieu. Mas quando a função do Legislativo passa a ser unicamente a de dizer amém pra todas as vontades do Executivo, a gente pode simplesmente abrir mão de ficar bancando essa estrutura monstruosa que alimenta esse bando de filho da puta.

E o que aconteceria, então, com o Legislativo fechado? Será que não viraria tudo um caos? A resposta, e pra mim isso tá cada vez mais claro, é não.

O Brasil já vive sem Legislativo há muito tempo, a gente é que ainda não se deu conta. Ou você acha que alguém ali legisla? Então pronto, não precisa mais fingir que os caras vão fazer votação de projeto, vão debater assuntos de interesse nacional, deixa isso pra lá. Não precisa mais montar Conselho de Ética. Não precisa mais entrevistar a Ideli Salvatti. A gente não faz mais questão. Pode fechar, vai todo mundo pra casa, depois a gente vê o que faz com a mobília dos gabinetes.

Também não adianta esse papinho de analista político de que “cabe a nós promover uma limpeza na próxima eleição”. Porra nenhuma, não cabe a "nós" porra nenhuma. Porque entre "nós" sempre vai ter um filho da puta pra botar os caras lá de volta. Pode cassar o mandato do Renan Calheiros, ele sempre vai ter alguém pra reelegê-lo em Alagoas. E se não for em Alagoas, vai ser em outro lugar. Aliás, tá provado que num país onde tanta gente só pensa em se arrumar, em levar vantagem, em ganhar unzinho por fora, o único povo que presta, que se preocupa de verdade com o próximo, é o do Amapá, que elege o Sarney em todas as eleições pra que ele possa defender os interesses dele e dos amigos dele lá do Maranhão.

Pra acabar, só queria registrar que pra mim, mais nojento do que o vilão assumido é o vilão covarde, traidor, ingrato, infiel. Fernando Collor, Renan Calheiros, José Sarney e até as estrelas de escândalos anteriores, como Severino Cavalcanti e Roberto Jefferson, pelo menos têm a dignidade de fincar o pé nas suas posições. Podem não ter um pingo de ética, mas pelo menos não tentam fingir que têm. Isso é mais digno, por exemplo, do que um presidente que assume a defesa do indefensável, exigindo até tratamento diferenciado pro Sarney, e quando coisa fica feia, tira o dele da reta e diz que o assunto é exclusivo do Senado. É mais digno do que esse Mercadante, pseudo símbolo da ética com esse teatrinho eterno de fingir indignação, dar chilique, fazer beicinho, e que sempre, sempre afina no fim, colocando o rabinho entre as pernas e recuando quando o Grande Pai do partido chama ele no cantinho. E é mais digno também que esse bando de bunda mole do PSDB, partido com o qual eu sempre me identifiquei, mas que também já deu no saco. Todos esses dissimulados, enfim, gostam de pensar que são melhores, mais honestos e mais dignos que Collor, Calheiros, Sarney, Cavalcanti ou Jefferson, mas no fundo cheiram igualzinho.

É por tudo isso que eu digo: fecha de uma vez por todas essa merda. E fecha logo, antes que o Luxemburgo se eleja por Tocantins.

domingo, 26 de julho de 2009

PENSAMENTO EDIFICANTE DO DIA

Pergunta:
Por que o Bill Murray?

Resposta:
Oras, porque alguém Kill Bill...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

NADO A VER

Caraca, acabei de ver na TV que uma nadadora foi a primeira brasileira a se classificar pra final da competição de Nado Sincronizado solo, no Mundial de Natação de Roma.

Hãn?

Nado Sincronizado SOLO?

Tipo, e ela sincroniza os movimentos dela com quem? Com o fantasma do espírito olímpico?

De qualquer forma, devo confessar que a notícia me abriu um novo horizonte. A partir de agora eu vou treinar duro todo dia. E vou ser o primeiro tenista brasileiro na final do torneio de duplas solo de Roland Garros.

FILME B

Então, eu tenho uma ideia pra um filme de ficção que seria assim, ó: um grupo de cientistas consegue construir uma máquina do tempo e volta até 1989 pra raptar o Lula.

Aí eles voltam pra 2009, enfiam o Lula de 89 numa sala e começam a contar tudo que aconteceu nos últimos anos, mas sem citar o nome do atual presidente.

O papo vai desde o mensalão até a humilhação de ter arregado pra Bolívia naquela história da Petrobras, passando pelo chapéu que ele tomou da China, pelo casamento com o Renan Calheiros, o amor pelo Collor e, ah, sei lá, depois a gente vê a lista toda, porque ela é grande. O que importa pro filme é que, pra completar, eles falam também da orgia que tá sendo essa defesa do Sarney, incluindo a história de que o Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum, e bla, bla, bla...

Finalmente, depois de contar tudo isso, eles colocam um revolver em cima da mesa, e dizem que só um líder da grandeza do Lula de 89 poderia ser capaz de livrar o Brasil de um presidente tão nocivo (o Lula de 89 já acreditava em qualquer elogio que ouvia...).

O plano era colocar o Lula de 89 numa coletiva que o presidente atual concederia, e aí o Lula de 89 faria o serviço. Pra ter certeza de que o Lula de 89 tinha entendido a gravidade da questão, um dos cientistas diz:

- Este plano precisa permanecer secreto. O senhor entende o que isso quer dizer, não é?

E o Lula de 89 responde:

- Claro que eu entendo! Significa que quanto menas gente souber, melhor.

Corta pro Lula de 89 entrando na coletiva. O atual presidente está numa mesona, usando algum boné que lhe ofereceram ali na hora. Pode ser de uma marca de creolina, mostarda ou pomada pra frieira, depois a gente vê isso com o pessoal do merchandising. Os fotógrafos fazem um verdadeiro muro, dificultando a visão do Lula de 89, mas finalmente ele consegue chegar na frente da mesa do atual presidente. Só que quando ele se prepara pra atirar, seu rosto se transforma.

Não era possível!!! Aquele homem era... era...

- Nããããããooooo!!!!!

Seguindo sua tradição de não cumprir promessas, o Lula de 89 desiste de matar o atual presidente, e resolve atirar na sua própria cabeça!

Caos! Confusão! Gritos!

Seguranças voam pela sala defendendo o atual presidente, e usando a primeira-dama como escudo pra proteger o Sarney. Os cientistas conspiradores observam boquiabertos, até que um deles se anima e diz:

- Esperem! No final o resultado é o mesmo! Se o Lula de 89 se matou, tudo que veio depois dele deixa de existir!

Os cientistas conspiradores então sorriem! Caraca, o plano tinha saído melhor que a encomenda!!!

Mas então o atual presidente sai debaixo da montanha de seguranças e tira o pó do terno e do boné. O chefe da segurança se aproxima e informa:

- O salão já está sob controle, senhor presidente. Iniciaremos as investigações imediatamente! O senhor tem alguma ideia do que possa ter acontecido?

E o presidente atual olha pro cadáver do Lula de 89 e responde, em close:

- Não. Eu não tenho a menor ideia de quem era este homem...

domingo, 12 de julho de 2009

NÃO FOI SÓ O TOM JOBIM QUE FEZ MÚSICA PRA LUÍZA

Numa mesma fase da carreira o Roberto Carlos compôs, não necessariamente nessa ordem, uma música pra mulher baixinha, uma música pra mulher gordinha, uma música pra mulher de óculos e uma música pra mulher com mais de 40.

E mesmo com todas essas evidências, as pessoas continuam duvidando da minha tese de que o cara era gamadão na Erundina...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

ELVIS NÃO MORREU, MAS O GENRO DELE, SIM

O assunto já tá velho, mas eu ainda gostaria de comentar a morte do Michael Jackson (ou do Máicol, como sensacionalmente diz a Méliss).

Adorava o cara quando eu era pequeno, era disparado o meu artista preferido. Mas fui perdendo o respeito à medida que eu me tornava adulto, e ele, não.

Pra mim foi um puta gênio, que obviamente nunca soube lidar com isso. Mas acho que a morte dele acabou sendo apenas protocolar, porque, como artista e ser humano, ele já vinha se suicidando há tempos (o problema com as pessoas públicas é que elas conseguem se suicidar bem mais de uma vez).

Cada aparição nesses últimos anos me parecia um ato desesperado de recuperar o respeito perdido, mas tudo que ele conseguia era diminuir ainda mais a reserva de respeito que a gente tentava manter em nome dos velhos tempos.

E outro dia, vendo uma das tantas reportagens que mostravam o Michael fazendo o bom e velho Moonwalk, eu pensei: não deixa de ser simbólico que o passo que marcou o auge da sua carreira seja justamente aquele em que ele mostra, como ninguém, a capacidade que tinha de andar pra trás.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A DIFERENÇA QUE FAZ UMA IMPRENSA VIGILANTE

Tava dando uma olhada no Globo.com e dei de cara com a seguinte notícia:

“DÉBORA SECCO VAI À ACADEMIA”.

Mas o que me chamou a atenção mesmo foi o sub, que dizia assim:

“A atriz foi flagrada atravessando a rua depois da ginástica”.

Caraaaca, já pensou? Ser flagrada atravessando a rua!!!??? E parece que foi em plena luz do dia! Não li a matéria, apesar de ter ficado muito aliviado por ter sido informado que a Débora Secco foi à academia, mas confesso que não esperava isso de uma figura pública como ela. Principalmente por ter sido em público. Ainda bem que tinha alguém atento lá pra flagrar.

A sorte dela é que no Brasil as pessoas esquecem logo as coisas, né? Mas, se por um lado eu acho importantíssimo ter uma imprensa sempre alerta pra desmascarar esse tipo de gente, por outro eu espero que o público entenda que isso é uma coisa que pode acontecer com qualquer um de nós. E respeite esse momento difícil que a Debbye, com certeza, vai superar.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

CAPÍTULO 0003

No capítulo anterior Daniela Mercury recebeu pouco mais de meio autógrafo do tenente-coronel John Millencamp-De Witt, mas foi interceptada por Olga, a Mulher Gorila, quando se preparava para sair do saloon em Shangai. As duas então iniciaram uma conversa, vigiadas pelo barman chinês que usa uma camiseta do A-Ha (esse detalhe é importante para diferenciá-lo do barman chinês que usa uma camiseta com a cara do Seu Madruga, que entrará na história bem mais lá na frente).

De repente, um grito ecoou pelo saloon:

- Ayaaaa! (é, chinês grita assim...)

- Eita, que porra é essa? – perguntou Lech Walesa.

- Gnhurfs... – respondeu John Millencamp-De Witt, com a boca cheia de bauru.

Imediatamente a porta da cozinha se abriu, e um barman chinês usando uma camiseta com a cara do Seu Madruga surgiu mancando atrás do balcão (tá, vai, não era tããão lá na frente assim...).

- Que foi? - perguntou Millencamp-De Witt em tcheco.

- Hãn? – disse o barman chinês que usava a camiseta com a cara do Seu Madruga, e que até falava tcheco, mas não tinha ouvido mesmo.

- Ele perguntou que que foi! – disse o barman chinês com a camiseta do A-Ha, o que não faz sentido, uma vez que ele, como já foi dito, não entendia tcheco.

- O sétimo sinal! – gritou o barman chinês com a camiseta com a cara do Seu Madruga - Eu acabo de receber o sétimo sinal!

(Continua)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

CAPÍTULO 0002

No capítulo anterior o tenente-coronel John Millencamp-De Witt comia um bauru num saloon de Shangai quando a Daniela Mercury apareceu. O encontro entre fã e estrela foi emocionante:

- John Millencamp-De Wiiiiiiitt!!! Não acredito! Me dá um autógrafo?

Sem sua caneta oficial de oficial, arremessada com toda a força sobre uma tribo da Guatemala durante o último ataque aéreo perpetrado pela Força Aérea belga, Millencamp-De Witt pegou o tubo de ketchup do balcão e começou a assinar num guardanapo. No entanto, conseguiu escrever apenas “John Millenca”, porque com um nome desse tamanho não há ketchup que chegue. Mesmo assim, Daniela Mercury agradeceu emocionada, e decidiu ir embora naquele mesmo instante, tornando sua aparição na história ainda mais non sense. Mas, quando chegava à porta, Daniela foi interceptada por Olga, a Mulher Gorila, que já foi logo dizendo:

- Desculpe, mas eu vi você pedindo um autógrafo para aquele cara ali.

Daniela Mercury respondeu cantando (tudo ela canta, nunca vi...)

- Uoooou, pediiii siiiim!!!

- Mas quem é ele?

- Como quem é ele? Minha filha, aquele é John Millencamp-De Witt!

- Millenquem?

- Millencamp-De Witt!

- Ah... Não conheço. É holando-suíço, ele, é?

- Nããão, ele é belga!

- Aaah, sei. Nossa, mas esse sobrenome dele é tão tipicamente holando-suíço, né?

- Ah, sim, quanto a isso não resta a menor dúvida. Se tem um sobrenome no mundo que é tipicamente holando-suíço, é Millencamp-De Witt!

- E como é que esse moço foi nascer belga então, meu Deus? Um moço com um sobrenome tão holando-suíço que nem esse...

- É que antes de ele nascer os pais dele trabalhavam 6 meses na Holanda construindo bigornas, e 6 meses na Suíça domando texugos. Aí um dia eles cansaram e resolveram tentar a sorte em Bruxelas.

- Aaah, isso explica tudo, e elimina QUALQUER incoerência da narrativa, não é?

- Ô, sem dúvida...

- E me diz, menina, o que que os pais dele faziam na Bélgica pra viver?

Neste momento, o barman chinês que ouvia tudo atenta e disfarçadamente com sua camisa do A-Ha tocou sua espada Hattori Hanzo embaixo do balcão. E uma gota de suor rolou pela sua bochecha esquerda quando Daniela Mercury respondeu:

- Que saber mesmo?

(Continua)

NEGÓCIO ARRISCADO

Vi sábado no UOL:

“Adriana Calcanhoto canta em Feira do Livro de Ribeirão”.

Só espero que, em caso de briga com os organizadores, ela não resolva queimar, rasgar ou riscar tudo...

sábado, 20 de junho de 2009

CAPÍTULO 0001

Depois de andar mais de 2 horas sob a chuva, John Millencamp-De Witt, o mais valoroso tenente-coronel da Aeronáutica da Bélgica, finalmente encontrou o bar. A porta era uma daquelas típicas dos saloons dos filmes de velho oeste, o que não fazia o menor sentido, porque o bar ficava no centro de Shangai.

Millencamp-De Witt pendurou o casaco ensopado no cabideiro ao lado da entrada e seguiu direto para o balcão. Sentou-se no único banquinho vazio e não demorou a perceber que alguma coisa o incomodava. Sim, era isso! O homem ao seu lado estava olhando diretamente pra ele. Voltou-se para o homem, e descobriu que o tal observador era o Lech Walesa. A conversa foi curta:

- Opa.

- E aí?

Nesse momento o barman chinês se aproximou, vestindo uma camiseta do A-Ha. Millencamp-De Witt o cumprimentou em tcheco, idioma que, obviamente, o chinês não falava. Millencamp-De Witt fez um sinal para que o chinês se aproximasse, e pediu:

- Me vê um bauru.

O chinês apertou os olhos, desconfiado, perguntando-se se aquele pedido teria alguma relação com a quebra do seu despertador naquela manhã. Mas aí o Lech Walesa espirrou, e o chinês levou um susto e arregalou os olhos, portanto, na média, o olho dele permaneceu do mesmo tamanho o tempo todo.

Millencamp-De Witt então correu os olhos pelo bar, contendo um bocejo. O barman chinês voltou, e ofereceu enguias em conserva, mas Millencamp-De Witt recusou, sem conseguir disfarçar uma careta.

Um vendedor de livros de cordel se aproximou arrastando as sandálias, e perguntou se Millencamp-De Witt não gostaria de comprar um exemplar, mas Millencamp-De Witt disse, em tcheco, que não falava chinês. Como este chinês também não falava tcheco, começou a cantar “Dancing Queen”, como é sabido que os chineses fazem quando não conseguem vender seus livros de cordel. Millencamp-De Witt então sorriu, e fez com que o autor da história se arrependesse por não ter lhe dado um sobrenome menos complicado, porque, convenhamos, escrever Millencamp-De Witt toda hora enche o saco.

O barman chinês trouxe então o bauru de Millencamp-De Witt. Imediatamente, o barulho da chuva no teto de amianto pareceu mais forte, ecoando pelo salão.

E foi aí, nesse exato instante, que a Daniela Mercury entrou no bar.

(Continua)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

FUUUUUUÓÓÓÓÓÓÓ

Aliás, falando em coisas me atormentando na Copa das Confederações, e já pedindo desculpas pela minha falta de educação, eu pergunto: por que a torcida da África do Sul não enfia essas cornetas no rabo, hein?

MEU DEUS, QUE COISA INSUPORTÁVEL!!!!!!

Achei que só eu me incomodava com isso, mas tenho visto notícias e comentários sobre o assunto em todos os sites. É como ter uma vespa dentro do ouvido durante o jogo inteiro, só que sem a parte boa, que deve ser a cosquinha. Parece até que a gente tá vendo o jogo de dentro de uma colméia.

Isso tudo me fez chegar a duas conclusões profundas:

1) Se no ano que vem, na Copa do Mundo, a coisa continuar assim, a emissora que tiver o bom senso de cortar o som ambiente vai arrebentar de audiência. Nem que seja pra colocar aquele sonzinho de torcida fake, que a gente imitava quando jogava botão.

2) Caras, eu vou dizer, ainda bem que eu vim gente, porque eu seria uma péssima abelha...

CONFISSÃO

Eu tenho uma confissão a fazer.

Tô vendo, nesse momento, o jogo entre Itália e Egito pela Copa das Confederações e, assim como já tinha acontecido no jogo entre Brasil e Egito, tem uma coisa me atormentando. É que o Egito tem um jogador que se chama Abo Terika. Até aí tudo bem, mas o problema é que a pronúncia certa do nome do cara é Aboutrika. E toda vez que o locutor fala o nome desse candango me vem à mente o Beto Barbosa (???!!!) dançando sozinho com a mão na pança e cantando:

“Aboutrika, meu amor,
Aboutrika
Aboutrika, meu amor,
a minha vida, oooi...”

Juro que eu tento evitar, mas o filho da mãe pega na bola toda hora!

Pronto, contei. Agora se vocês quiserem deixar de ler esse blog por causa disso, eu juro que vou entender...

terça-feira, 16 de junho de 2009

O CHAMADO

Existem alguns profissionais que eu não entendo. Bandeirinhas de futebol, por exemplo. Ou, sei lá, urologistas heterossexuais.

Quer dizer, eu entendo perfeitamente que eles existam, mas eu não consigo imaginar em que momento da vida um bandeirinha ou um urologista heterossexual ouvem aquele clic e anunciam:

- Caraaaaaca, descobri o que eu quero fazer da vida!

Mas o que me deixa curioso mesmo é exatamente o oposto disso. Uma profissão que eu entendo por que as pessoas escolhem, mas não entendo pra que ela serve: o chamador de táxi.

Não sei se você já viu um por aí. Saindo do Shopping Iguatemi, por exemplo, é só atravessar a Faria Lima que você já dá de cara com uns 2 ou 3. É fácil de reconhecer, porque eles usam colete (uma exigência do Sindicato dos Chamadores de Táxi, talvez). E a primeira missão deles é perguntar se você quer um táxi.

No começo eu achava que se a pessoa dizia que queria, o chamador de táxi sacava um radinho ou um celular e pimba, o táxi vinha lá do ponto oficial do SINDICHATA. Mas aí eu vi que não, o chamador de táxi fica ao lado do cliente na calçada, esperando passar um táxi avulso na Faria Lima pra ele chamar (certamente usando técnicas profissionais que somente um chamador de táxi pode conhecer).

Mas o que mais me intriga é quem é que paga esse cara. Durante todo o tempo em que eu trabalhei na frente do Iguatemi, nunca vi um passageiro dar gorjeta pro chamador. Será que o taxista volta lá depois e diz “putz, toma aqui uma porcentagem da corrida, porque se você não me chamasse, aquele passageiro que estava do seu lado nunca teria me visto”. Ou será que os caras fazem parte de uma ONG sem fins lucrativos? Porque, se for isso, eu acho que eles mereceriam ganhar pelo menos o suficiente pra suprir os custos do colete.

terça-feira, 9 de junho de 2009

PREMIAÇÃO

“Quem é Globetrotter tem um lifestyle mais low profile. É um upgrade do jet setter, que costuma ser mais over the top mesmo.”

Com essa frase cometida na edição de 10/06/09 da Revista Veja São Paulo, a designer de jóias Adriana Bittencourt conquistou a primeira edição do Prêmio “Desculpa, Mas Eu Te Desprezo” concedido pelo “Onde Eu Tava Mesmo?” a todos aqueles que são over the top na arte de dar um upgrade no nosso lifestyle.

Parabéns, Dri! Super tudo essa sua frase, achei!

DICA DE BIOLOGIA

Finalmente eu aprendi a diferença: louva-a-Deus é aquela espécie em que a fêmea arranca a cabeça do macho depois de fazer sexo com ele. Gafanhoto é o que se enforca fazendo sexo sozinho.

VERDADE INQUESTIONÁVEL

Macho mesmo foi o David Carradine, que morreu sem sair do armário.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O MANDA-CHUVA E A BATATINHA

Com exceção de perna de homem, eu adoro qualquer coisa que tenha batata. Pô, não é por nada, mas batata é muito bom, num é? Por isso existe um produto que é vendido em qualquer supermercado que sempre me intrigou: a “batata sabor alguma coisa”. Te juro, eu fico imaginando se eu sou presidente de uma empresa e o cara entra na minha sala com uma proposta dessas.

- Você disse “batata sabor presunto”?!?!

- Foi. Não é genial???

- ...

O bosta sorri, desconcertado. Ele começa a desconfiar de que eu não gostei, e não acredita que isso possa estar acontecendo. Eu continuo em silêncio. Ele começa a suar. Eu respiro fundo pra não jogar a cadeira nele. E a voz dele falha quando ele pergunta:

- Que foi, o senhor não achou genial???

- Nããão, claro que eu achei genial! Eu te peço pra você pensar num produto novo, pra justificar esse salário que você recebe, e depois de quase 30 dias pensando você entra na minha sala e resolve pegar a comida mais gostosa que existe e botar um sabor de outra coisa. Tem razão, é fantástico!

- M-m-mas...

- Mas o quê?! Hein? Me fala, mas o quê?!!!

- Essa ideia nos permite criar uma linha inteira com novos sabores, tipo sabor churrasco, sabor azeitona, sabor queijo...

- Ah, que boooom!!! Então você pensou em vários outros jeitos de estragar a batata! Ufa, assim eu fico mais aliviado... Achei que era só uma ideia estúpida, mas agora tô vendo que é mais do que isso, é uma ideia estúpida com filhotes!

- M-m-mas o senhor mesmo disse outro dia que gostava de batata de Cebola e Salsa!

- CEBOLA E SALSA É TEMPERO, PORRA!!!!! A batata continua com gosto de batata! A batata continua SENDO uma batata!

- Puxa, eu não q...

- Se você prestasse pra alguma coisa, inventava um espinafre sabor batata! Inventava um brócolis sabor batata! Óleo de fígado de bacalhau sabor batata! Entendeu?!!! Seu inútil!

- Entendi, sim sen...

- Então agora sai da minha sala!

- O senhor me d...

- Sai da minha sala!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

COINCIDÊNCIA

Entro na Imaginarium do Iguatemi. No mesmo instante, de um jeito assustadoramente sincronizado, o som da loja começa a tocar:

- Nada ficou no lugaaar...

Pois é, a própria. Ela, Adriana "A Vingadora" Calcanhoto. Juro pra você! Não pude, óbvio, deixar de sorrir com a ironia da situação. Mas o melhor estava por vir. Antes mesmo do fim da primeira estrofe a menina do caixa cortou a música e botou outra coisa pra tocar. Aí eu tive que cair na risada. Virei pra ela e falei:

- Putz, Adriana Calcanhoto ninguém merece, né?

E a menina, rindo:

- Ninguém...

Tinha entrado só pra olhar. Acabei comprando um porta-retrato.

terça-feira, 26 de maio de 2009

SIGA A BOLINHA LUMINOSA (E DEPOIS RISQUE OS DISCOS DELA)

Eu não suporto a Adriana Calcanhoto. Quer dizer, não é que eu não suporto a pessoa, imagina, nem conheço a mulher. Mas eu não suporto o que ela canta. Pô, que fulana mais sem orgulho! Cada música de pé na bunda é aquela cachoeira de inconformismo! Tudo é vingança, desforra, cê vai ver, vou te ferrar, vou arranhar seus discos... Caraca, minha filha, toca a vida!

Mas eu tô contando tudo isso porque eu lembrei que uma vez, conversando sobre esse assunto com a galera, eu fui tentando criar algumas frases que exemplificassem esse meu ponto de vista importantíssimo pra música mundial. E foi aí que acabou surgindo aquela que, pra mim, é a definição desse jeito Adriana Calcanhoto de ser:

“Eu vou jogar sal nas suas lesmas”. :o))

Fala aí, não é uma frase típica de música dela? Não combina com aquela animação de fila de banco? Com aquela voz de mundo acabando?

Daí eu pensei, pô, não deve ser tão difícil fazer uma música inteira assim, e ainda faturar algum com isso! Então eu resolvi penetrar nesse universo calcanhotístico compondo uma música inteira com novas modalidades de vingança. Saiu essa porcaria que tá aí embaixo, que eu vou mandar pra ela pra ver se ela num quer gravar.

A melodia é a mesma daquela música que começa com “Nada ficou no lugaaar...”, mas sem a parte do “que é pra ver se você vooolta”, que aí ia dar muito trabalho. Então lá vai:

Eu vou jogar sal nas suas leeesmas
Eu vou espirrar no seu prato-uu
Eu vou esconder sua ageeenda
Contar o final... dos seus livros

Eu vou botar mel no seu mooouse
Eu vou entupir o seu ralo-uu
Eu vou costurar os seus booolsos
Fazer tranças no... seu subaco

Eu vou tosquear suas oveeelhas
Eu vou soltar pum no seu carro-uu
Eu vou engordurar seu diploooma
Lamber as lentes... do seu óculos

Eu vou furar todas suas meeeias
Eu vou palitar seu umbigo-uu
Eu vou afogar seu texuuugo
Ligar pro seu chefe... a cobrar

Eu vou cancelar sua NEEET
Eu vou atrasar seu relógio-uu
Eu vou guardar queijo no armááário
E não vou mais ler... o seu blog

Bom, por enquanto é isso. Mas como as vinganças são inesgotáveis, quem quiser deixar sugestões nos comentários pode virar co-autor e assinar esse futuro sucesso junto comigo! Rsrsrs...

domingo, 17 de maio de 2009

O NONNO

Imagine o quanto uma criança pode amar um tio capaz de transformar uma coisa tão banal quanto o momento de deixar de chupar chupeta num evento gigantesco, com direito a uma volta olímpica de despedida contornando a piscina e a uma cerimônia de cremação da chupeta na churrasqueira.

Ou um tio que inventa um treinamento de goleiro em que ele passa horas arremessando uma almofada redonda pra você voar pela sala fazendo defesas sensacionais e, eu devo admitir, tomando frangos espetaculares.

Ou um tio que chama você pra nadar pelado de noite, quando você já não sabia mais o que fazer pra se livrar do calor.

Pois essas são apenas algumas das farras inesquecíveis inventadas pelo meu tio Raul, que a família toda sempre chamou de Nonno.

Nessa época a gente morava em Piracicaba. Meu pai trabalhava aqui em São Paulo a semana toda, e ia pra lá pra passar o final de semana com a gente. Minha mãe fazia faculdade à noite e, pra não sobrecarregar meu avô, que ficava com o meu irmão, quase todo dia ela me deixava na casa dos meus tios. Normalmente minha mãe me buscava depois da aula, mas várias e várias vezes eu dormia lá mesmo, de mãos dadas com a minha tia, a Nonna.

Em 1981, depois de 5 anos piracicabanos, nós acabamos voltando pra São Paulo, e pouco tempo depois o Nonno e a Nonna se mudaram pra Santos. Obviamente o amor pelos dois não mudou nada, mas, como era inevitável, a gente passou a se ver muito menos.

Há pouco tempo, falando por telefone, eu disse a ele que ia lá pra Santos fazer uma visita. Ele deu risada e disse “uh, rapaz, vem nada, você só fala que vem e não vem nunca”. Aí foi a minha vez de rir, e eu disse que iria, sim, porque eu tava desempregado e finalmente andava com as tardes livres. Então ele contou que ia viajar, mas que em 15 dias eles estariam de volta, e que aí eu podia ir quando quisesse. Só que os 15 dias passaram, e aí passaram outros dias, passaram outras semanas, passaram outros meses, e eu acabei não indo.

E eis que nesse dia 14 o Nonno foi embora, animar a galera lá em cima. Deixando centenas de histórias pra serem contadas e milhares de exemplos a serem seguidos, além de um vazio imenso na Nonna, no casal de filhos, no casal de netos oficiais e nos milhares de netos não-oficiais, porque todo mundo, parente ou não, sempre foi um pouco neto do Nonno.

Tenho certeza de que ele não tinha dúvidas sobre o quanto eu o amava, mas não sei se ele tinha uma noção exata sobre o quanto eu vou ser eternamente grato pela participação que ele e a Nonna tiveram na minha criação.

Se eu soubesse que isso ia acontecer, teria ido lá pra Santos pra dizer pessoalmente. Mas eu não fui. Por isso essa vai ser a primeira coisa que eu vou dizer pra ele no dia em que a gente se reencontrar lá em cima. Já a segunda eu ainda não decidi qual vai ser. Mas, se estiver calor, provavelmente será um convite pra nadar pelado no meio das nuvens...

Fica com Deus, Nonno querido! E muito, muito obrigado por tudo.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

TODOS OS PALAVRÕES DO MUNDO

Sábado, 9h30 da madrugada. Triiiim! Triiiim! E triiiim!

- Alonfs!

Eu, decididamente, não consigo conversar direito quando acordo.

- Bom dia! Eu gostaria de estar falando com o senhor Eduardo?

O tom é de pergunta. Ela tá afirmando, mas o maldito tom, você sabe, é sempre de pergunta.

- Souspf...

- Perdão?

- Sou eunf...

- Aaah, é o senhor. Tudo bem com o senhor, senhor Eduardo?

- Tufff...

- Que bom!!!

Ninguém nunca tinha ficado tão feliz por saber que tava tudo bem comigo. Cínica.

- Aqui é, sei lá, Liziete Arruda, da American Express, e eu gostaria de saber se o senhor tem interesse no nosso novo cartão Championship Plus Fashion Week Of The World?

- Nãopf...

- Nãããããooooo?

- Nãopf...

- Mas por quêêêêê? O senhor não quer conhecer todas as vantagens que ele oferece, senhor Eduardo?

- Nóf...

- Perdão?

- Nãããopf!!!

- Mas eu posso saber por quê?

- Porque eu nunca aceito nada de uma empresa que me acorda no sábado de manhã...

Ela perdeu o rebolado, agradeceu gaguejando e desligou. Eu caí na risada, mas perdi o sono. Só que a história não acabou por aí.

Porque as meninas da American Express me acordaram de novo na segunda de manhã.

E me ligaram de novo na segunda à tarde.

E me acordaram de novo na terça de manhã.

E me ligaram de novo na terça à tarde.

Cada ligação feita por uma moça diferente. Andrienne, Suélen, Démymur e toda a fauna oficial... E eu, dalailâmicamente, pedindo pra tirarem o meu nome da bagaça, porque eu já tinha dito que não tava interessado.

Mas as meninas da American Express não conhecem a palavra “não”. As meninas da American Express são as soldadas do Império do Incômodo. As meninas da American Express têm uma meta a atingir. E ligaram de novo na quarta de manhã e na quarta à tarde. Dessa vez, no entanto, eu não tava em casa em nenhuma das 2 ligações.

Só que elas me acordaram de novo hoje. E, finalmente, no caminho até o telefone, eu decidi que já ia atender xingando. Não ia nem falar alô, ia arregaçar logo de cara. Mas pra aumentar ainda mais a minha raiva, quando eu botei a mão no telefone, elas desligaram. Imediatamente, todos os palavrões que eu ia soltar ficaram amontoados na minha boca, como uma multidão se empurrando pra passar na porta estreita de um cinema pegando fogo.

Agora eu estou esperando ansiosamente a ligação da tarde.

Aposto que ela vai render um belo post... :o))

quinta-feira, 7 de maio de 2009

CRIMINAL SCENE MELECATION

Outro dia eu tava vendo TV sossegado quando de repente entra uma chamada pro próximo capítulo do CSI. Aí aparece um cara futucando um cadáver, mó concentrado. Até aí tudo bem, todo episódio do CSI tem que ter cadáver futucado mesmo. Mas aí o cara vira pro tal do grisalhão que é o bonzão da série lá, e diz, com a maior naturalidade:

- Eu consigo enxergar o cérebro dele olhando pelas vias nasais.

Blaaaaargh, véio, que noooojo! Vai dormir! Quer dizer, tudo bem fazer uma série sobre entranha, mas precisa mesmo ser tão melequento assim?

O pior é que, em vez de deixar o assunto morrer (sorry, esse trocadilho ficou puxando a barra da minha calça, pedindo pra ser feito), eu fiquei imaginando como é que seria a vida desse cadáver se ele não fosse um cadáver ainda. Caraca, já pensou ter um canal aberto, direto, sem escalas, entre o nariz e o cérebro? Puta saco que deve ser, num deve?

Quer dizer, o cara dá um espirro e tchum, esquece a taboada do oito. Ou então ele assoa o nariz e começa a errar o nome do primo. Ou ele toma uma bolada na cara e vira canhoto de uma hora pra outra.

No fim eu fiquei me perguntando o que aconteceria no cérebro do cara se alguém espirrasse um jato de Rinosoro no nariz dele, só de sacanagem, mas aí deu sono e eu fui dormir sem conseguir formular uma conclusão decente...

terça-feira, 28 de abril de 2009

COMUNICADO

Leirizengendelmam, este blog estará fora do ar até 05/05.

Não tenho autorização governamental pra dizer o motivo, mas posso garantir que a missão não envolve o tráfico de animais, o sacrifício de anões besuntados ou a implosão de hidrelétricas húngaras.

Quer dizer, pelo menos a princípio...

terça-feira, 21 de abril de 2009

OLHA DO QUE A GENTE ESCAPOU

Tiradentes era chamado de Tiradentes porque era dentista. O que me leva a pensar que a gente até que teve muita sorte, porque se o cara fosse jardineiro, por exemplo, 21 de abril seria o feriado de Tiramatos.

Pior se ele fosse humorista, porque aí o feriado seria chamado de Tirassarros.

Se fosse streaper, seria o Tirarroupas.

Se trabalhasse numa clínica de depilação, seria o Tirapelos.

Se fosse garçom, o Tiragostos.

Se fosse estudante, o Tirazeros.

Sei lá, achei que eu devia fazer esse alerta.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

ACEITA CARTÃO-DESCRÉDITO?

Ah, essa eu esqueci de contar! Dia desses tô eu em casa, almoçando, quando de repente toca o telefone:

- Alô!

- Sr. Eduardo?

- Ele.

- Aqui é Sei Lá Quem, do Departamento de Fraudes do Cartão Tal (que é o meu cartão). O senhor pode me dizer se está, neste momento, fazendo uma compra de R$ 1.900,00 na Carlinhos Jóias?

Eu confesso que até pensei em responder “sim, estou, é que na verdade eu compro tanto aqui na Carlinhos Jóias que até puxei um ramal do telefone da minha casa pro caso de alguém me ligar”. Mas o que eu disse mesmo foi:

- Não.

- Então eu informo que estamos cancelando seu cartão, porque esta compra está sendo feita neste momento...

Apesar de puto com a situação, fiquei muito bem impressionado com o preparo e a gentileza da moça, e com a competência dos caras como um todo. É verdade que uma compra de R$ 1.900,00 foge completamente do meu padrão de gastos com o cartão (essas compras pequenas assim eu pago sempre em dinheiro... rsrsrs), mas mesmo assim não deixa de ser elogiável a agilidade do tal departamento de fraudes que os caras montaram. Se não fosse por eles, eu teria dançado.

Agora, o que eu fico me perguntando mesmo é que tipo de filho da puta clona um cartão e, podendo ir onde quiser, escolhe entrar numa loja que chama Carlinhos Jóias? Porra, véio, Carlinhos Jóias? Com um cartão no meu nome?

Pelo amor de Deus, clona meu cartão, mas não ferra a minha reputação!

Foi comprar o quê? Uma aliançazinha pra dar pra noiva, foi? Aposto que foi isso, esse povo adora ter noiva. E como é que ela chama, a princesa?

Francielly?

Rakyenne?

Uítney?

Isso, vai lá na Carlinhos Jóias, então, que ela vai adorar! E fala pro Carlinhos fazer um laço bem bonito, que ela adora presente com laço bonito, a Uítney.

Tá louco, viu, tem mesmo é que morrer pobre esse jacu dos infernos! Aliás, tá aí: não basta mais o Adicional de Burrice na Pena! O nosso Código Penal precisa também, urgente, de um Adicional de Cafonice.

terça-feira, 14 de abril de 2009

PREZADO(S) VÍRGULA MORADOR(ES)

Eles formam uma raça diferente, esses escritores de aviso de elevador de prédio. Eu acho, cê num acha? Principalmente nessa relação tão particular que eles têm com as vírgulas.

Repara, pode ser o assunto que for: a manutenção da pilastra do meio da garagem, a regulamentação do acesso dos cachorros sem focinheira no elevador, as vantagens da instalação do segundo portão de segurança e o que mais a gente conseguir ler até chegar ao nosso andar. A única certeza é que elas vão estar lá, discretas, tortinhas e completamente fora do lugar, como só as vírgulas de aviso de elevador de prédio conseguem ser.

Acho até que o bagulho já acabou virando uma espécie de escola literária, que utiliza regras próprias dominadas apenas por alguns eleitos. Daí eu desenvolvi uma tese (desempregado adora desenvolver tese, né?).

O escritor de aviso de elevador de prédio, na verdade, é um cara aparentemente comum. Aliás, ele é tão boy next door que mora realmente no nosso prédio. Mas quando precisam escrever um legítimo aviso de elevador de prédio, eles vestem aquelas roupas cheias de babados nos ombros e colam um cavanhaque postiço na ponta do queixo, pra compor aquele visual assim meio Shakespeare, sabe? (Ah, sim, ainda tem isso: de acordo com essa minha tese, o próprio Shakespeare não teria aquele visual que a gente conhece. O que acontece é que ele escrevia ótimos avisos de elevador de prédio, e foi retratado, por descuido, justamente quando estava se preparando para escrever mais um).

Bom, mas aí eles entram num quarto iluminado apenas por algumas velas, sentam numa mesona antiga de madeira, molham a pena no tinteiro e começam a psicografar as mensagens que, mais tarde, serão digitadas por alguém de alguma casta inferior.

Só que, pra cumprir o ritual, nessa primeira fase eles escrevem tudo sem vírgula. Aí, terminado o texto, eles abrem a segunda gaveta da mesona, que é onde eles guardam o saco de vírgulas (na primeira eles colocam apenas a faquinha de abrir envelope, o fumo do cachimbo e, sei lá, o livro-caixa, talvez. Ou algum folheto de delivery, num sei, ainda não desenvolvi essa parte...). Então, com a mão em concha, eles pegam algumas vírgulas no saco, içam o braço até ele ficar exatamente sobre o papel e salpicam o texto com elas, como um pizzaiolo que distribui descuidadamente as azeitonas pela pizza. E aí, pronto, onde cair, caiu. Depois é só dar uma sopradinha pra tirar o excesso, e mandar pra digitar.

Satisfeitos, eles então tiram o cavanhaque, tiram a roupa de babados, apagam as velas e saem do quarto, voltando a viver como pessoas comuns, sem despertar suspeitas. E quando encontram a gente no elevador, eles ficam na maior expectativa pra ver se nós vamos balançar a cabeça afirmativamente enquanto lemos o aviso. E, principalmente, pra ver se nós vamos fazer algum comentário sobre a colocação das vírgulas.

Sei lá, faz sentido isso pra você?

terça-feira, 7 de abril de 2009

PAPO HIPOTÉTICO NO QUARTO DO FILHO DO SENADOR

Daí, né, o senador bate na porta do quarto do filho roqueiro. E o filho abre, golpeando o ar, como se fosse um lutador de boxe:

- Hey, papito, what´s up, meu?

O senador pisca. O filho roqueiro praticamente pode ver um dos neurônios do pai se esticando ao máximo para alcançar o outro, como um trapezista voando em câmera lenta pra agarrar a mão do parceiro. Aliás, pode-se dizer que se a vida tivesse fundo musical daria pra ouvir o tema de Carruagens de Fogo. Mas de repente algo ilumina o rosto do senador. A conclusão da sinapse é visível! E então ele diz:

- Éééé...

O filho sabe que agora é questão de tempo. Daqui a pouco seu pai vai conseguir dizer o que quer, mas o importante é que a parte mais difícil do processo já passou. Opa! Lá vem:

- ... éééé, desculpe incomodar você, meu filho, mas você sabe onde sua mãe está?

- Ué, acho que ela deve tá em casa. Num tá?

- Não está, eu já olhei em tudo.

- Não, papito, tô dizendo na casa dela.

O senador pisca. Duas vezes. E a voz dá uma discreta tremidinha quando ele pergunta:

- Qual casa dela?

- A casa pra onde ela foi depois da separação, papito!

O pai então arregala os olhos.

- Sep... Sepa...?

Desorientado, o senador tenta se abanar com o livrinho do Projeto Renda Mínima que tem em mãos, mas o livrinho cai, e como ele não percebe, fica mexendo as mãos na frente do rosto sem fazer vento nenhum. O filho põe as mãos nos ombros do pai:

- What´s up, old man?

O senador responde, desafinando de tão assustado:

- Depois da separação? Quem separou?

Agora é o filho quem pisca. Embora não seja nada inteligente, ele já vinha desconfiando que o pai talvez não tivesse percebido que não era mais casado. Mas decide que é melhor parar de poupá-lo.

- Como “quem separou”, papito? Você e a mamita.

- Eu e a ma... Eu e a Ma...?

- Yeah! Cê num tinha percebido?

- Se eu tinha per... não. Mas como? Quando? Por quê?

- Bom, desde...

- Alguém mais já sabe?

O filho suspira:

- Putz, papito, entra aqui que eu te conto. Vai, senta aí na minha cama. Só cuidado pra não sentar em cima do lagarto.

E então o filho conta tudo pro pai. Fala sobre o fim do casamento dos dois, fala do casamento da mãe com um argentino, fala da separação da mãe e do argentino, fala até da goleada da Bolívia na Argentina, mas o senador parece hipnotizado. Os dois permanecem em silêncio durante minutos, e tudo que se ouve é a respiração do lagarto. Até que finalmente o pai parece emergir lá do fundo, dizendo com a voz trêmula:

- Sabe o que eu não entendo?

- Tell me, papito, desabafa aqui com o seu filhão.

- Como é que uma mulher arruma tempo pra fazer tudo isso que a sua mãe fez sendo prefeita de uma cidade tão grande?

- Well, papito, a mãe num é mais prefeita faz tempo, né, meu?

O senador arregala os olhos, olha para o filho e levanta como se tivesse enfiado o dedo numa tomada.

- Porra, mas será possível que ninguém me conta nada?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

APELO

Prezados editores de jornais!
Prezados diretores de sites!
Prezados, sei lá, colunistas de revistas!


Por favor, eu agradeço o esforço, mas please, please, pleeeease, PAREM DE ME INFORMAR SOBRE A VIDA SEXUAL DA SUZANA VIEIRA!!! Eu não quero saber! Eu não quero! Por mais que isso pareça inconcebível para os senhores, eu juro, de pés juntos, que esse assunto não me interessa.

Eu não quero saber se ela sorriu pro encanador, se ela piscou pro bombeiro, se ela beijou o amigo do neto, se ela deu pro Bozo ou se ela vai casar com o cara que contracenou com ela no comercial da Corega. Pra mim tanto faz o que ela faz ou não faz, eu só não quero ficar sabendo.

Pode ser? Ou tá difícil?

quinta-feira, 26 de março de 2009

PAPO HIPOTÉTICO NA SALA DE DEUS

Então, aí eu morro e peço pra falar com Deus. E Ele, claro, como é misericordioso e tudo aquilo, me dá a honra de descolar um espaço na agenda. Aí eu bato na porta da sala D’ele.

- Entra!

E eu entro.

- Deus?

- Opa!

- Nossa, muito obrigado por me receber!

- Imagina.

E eu fico ali parado, olhando, de boca aberta. Caraca, eu tô falando com Deus!!!

- Duda?

- Ah! Sim! Desculpa, Senhor, eu fiquei até sem reação...

- Relaxa, todo mundo fica assim quando Me vê. Mas enfim, o que é que você queria falar?

- Bom, sabe o que é?

- Sei.

- Ah, é, eu esqueci que o Senhor...

- Rsrsrs... Todo mundo esquece. Mas fala mesmo assim, porque se você for transcrever essa conversa no blog o pessoal vai precisar saber do que a gente tá falando.

- Ah, claro. Bom, então, é que eu queria ver se não dava pro Senhor deixar eu voltar mais um pouquinho lá pra baixo.

- Entendi...

- Não que eu esteja questionando o Seu chamado, longe disso. Se o Senhor resolveu que era hora, quem sou eu pra discordar? Mas é que eu acho que, sei lá, o Senhor sabe, a gente faz umas bobagens de vez em quando e depois se arrepende, né? Vê que foi tudo uma perda de tempo...

- Tô ligado. E quanto tempo você pretende ficar lá embaixo de novo?

- Ah, só o suficiente pra descontar o tempo que eu desperdicei de verdade. Tipo, o Senhor quer ver, eu devo ter passado uns 48 minutos da minha vida vendo fragmentos de jogos de beisebol, pra ver se eu aprendia as regras. Nunca aprendi. Tempo jogado fora.

- Ah, mas aí foi opção sua, Eu num posso fazer nada. E depois, se Eu liberar pra você, teria que liberar pra todo mundo. Quase ninguém entende esse jogo...

- Ah, tá. Bom, eu também devo ter perdido uns 21 dias e meio somando o tempo que eu fiquei procurando vaga em shopping.

- Opção sua, também, cê não precisava ter ido de carro.

- Ééé, então, sei lá... Oito horas e quarenta procurando aqueles araminhos de fechar o pão de forma?

- Ah, Duda, essa Eu não vou nem comentar...

- Então, então... Ah! As aulas de Filosofia! Um ano no colegial, um ano na facu de Publicidade e mais um ano na facu de Direito! Três anos jogados no lixo, Senhor!

- É, mas tava no currículo escolar, você tinha que fazer. E depois, sem as aulas de Filosofia não teria rolado aquela história da Antígona...

- HAHAHA!!! O Senhor gostou daquilo?

- Ô, ri muito! Aliás, aquilo até chegou a ameaçar a vaga do Marcio aqui no céu durante uns anos, sabia? Mas com o tempo ele se recuperou... Mas péra aí, se você já tinha cursado na Publicidade, por que não pediu dispensa na facu de Direito?

- Eu pedi, mas não me liberaram, aí eu cursei de novo.

- Putz, Filosofia 3 vezes ninguém merece... Mas mesmo assim, não dá. Esse tempo Eu não posso te devolver...

- Ah! Já sei! Essa é boa! Eu vi Gomorra no DVD!

- Nuuuuooossa, é mesmo! No dia Eu até comentei com o Anjo Gabriel que Eu não entendi como é que você agüentou. E o pior é que você viu o filme inteiro, né?

- Inteiro!

- Uau! Quanto dura aquilo? Umas 2 horas?

- Duas horas e onze, Senhor.

- Nossa, véio, nesse dia cê foi ninja...

- Pois é... Que que é aquilo? Que que são aqueles atores? Que que é aquele roteiro?

- E tem uns planos meio longos demais, né? Desnecessário tudo aquilo, achei.

- Entããão, longos demais, tudo metido à besta demais...

- É, Duda, nesse caso cê tem razão, não é justo perder esse tempo da sua vida vendo Gomorra. Desce lá e aproveita direito essas 2h11...

- Nossa, Senhor, muito, muito, muito obrigado!

- Imagina. Agora vai lá que Eu tenho um monte de coisa pra fazer.

- Ah! Só mais uma coisinha, Senhor!

- Sim?

- Contando os letreiros, o filme tem 2h16.

- Mas cê viu os letreiros?

- Não, num vi.

- Então nada feito. São 2h11 e não se fala mais nisso.

- Beleza. Mais uma vez, muito obrigado, Senhor!

- Ah! E Duda?

- Sim, Senhor?

- Vê se num vai gastar esse tempo assistindo beisebol, hein?

PENSA NUMA PESSOA AFLITA

Acabei de ver a TV anunciar pra não sei que dia a transmissão ao vivo de uma partida de futebol entre Coréia do Sul e Coréia do Norte. Não consigo imaginar uma oportunidade melhor pra uma pessoa pedir demissão do que ser escalado pra narrar esse jogo...

ATÉ QUE NEM DOEU

Acabei esquecendo de comentar que depois de dias e dias de pé atrás, eu vi “Quem Quer Ser Um Milionário?”.

Mas como o meu grande amigo Marcio já destrinchou brilhantemente o filme no seu Bologue do Giacca (o link tá aí do lado), e como eu concordo com tudo que ele disse ali, vou só fazer 2 comentários:

O primeiro é que eu gostei do filme. Só acho também que ele não vale tantos prêmios assim, e que “Benjamin Button” é ainda mais legal.

E o segundo, e mais importante, é que eu nunca imaginei que os indianos pudessem adorar um deus que pertencesse à casta dos Smurfs. :o))

domingo, 22 de março de 2009

COISAS QUE EU ODEIO - 00002

Sabe outra coisa que eu odeio? Tupi-guarani. Putz, como isso me irrita!

E o que eu acho muito louco é que tem uma galera enorme que se dedica de verdade a preservar a língua. Os caras se reúnem, dão entrevistas, ficam mó preocupados, minha nossa, a cultura vai desaparecer, e agora, ai meu Deus... Ah, ô, deixa sumir essa merda! Você vai sentir falta? Eu num vou. Nem índio usa mais esse treco. E depois, de que cultura esses caras tão falando? Tá cheio de índio hoje em dia dando entrevista usando boné da Pepsi!

Aliás, se a gente parar pra pensar, tupi nem é uma língua de verdade. No máximo é um apanhado de umas 8 ou 9 sílabas que os caras misturam numa análise combinatória sorteada e saem falando. É que nem aquelas máquinas caça-níqueis, só que em vez de aparecer “limão-laranja-cereja-morango” aparece “mo-gi-gua-çu”. E aí, “eba, já temos uma palavra”!

Pra completar, tem ainda aquela necessidade incontrolável que parece que eles têm, de ficar descrevendo as coisas. Sim, porque os caras não podem simplesmente nomear o bagulho, eles precisam dar uma descrição detalhada do que tá acontecendo. A palavra é praticamente uma foto, tipo “lugar alto e barrento acima das pedras brancas”, ou “lugar em que a neblina cobre as árvores mas deixa entrever alguns tatus e, por que não dizer, dois ou três hâmsters”. Fala aí, cê faz questão de que alguém preserve isso? Por mim, pode deixar morrer que não vai fazer falta nenhuma.

Sem falar que quando essa língua sumir talvez eu pare de confundir as ruas de Moema.

TÁ OU NÃO TÁ?

Então, onde eu tava mesmo? Ah, sim, a menina de 17 anos planeja, junto com o namorado, matar a ex-namorada dele, que espera um filho do cara. Aí eles colocam chumbinho, o mata-rato mais ferrado que existe, num bolo, e deixam o tal do bolo na janela da casa do “alvo”. Só que o “alvo” tá tomando banho, então seus filhos de 6, 5 e 4 anos vão lá e comem o bagulho.

Corta.

Dois dias depois, as crianças já estão fora de perigo (não sei como), o tal do namorado está sendo procurado pela polícia e a menina de 17 anos, claro, já está presa. Mas o mais legal é que no seu depoimento ela afirmou que, assim que o namorado saiu para levar o bolo, ela foi imediatamente se esconder NA CASA DO PAI, porque SABIA QUE SERIA A SUSPEITA NÚMERO UM do crime.

Agora eu peço encarecidamente que você leia (ou releia) o segundo post desse blog, chamado “O ABP”, e me diga: tá ou não tá na hora de criarem o Adicional de Burrice na Pena?

quarta-feira, 18 de março de 2009

DEMOROU, MAS TÁ AQUI

Praticamente todo mundo que me conhece já ouviu essa história, mas acho que todos concordam que ela merece ser imortalizada. Então lá vai!

O ano era 1985, e eu tava viajando com os meus pais, o meu irmão e mais um monte de gente. E acontece que no meio do grupo tinha uma senhora que viajava sozinha, muito simpática, muito elegante, cujo nome era... IDIOTÍLIA!

Pois é, acredite: a mulher chamava Idiotília!!!

E por uma dessas coisas da vida, num belo dia tava todo mundo ali, se preparando pra ir não sei onde, quando alguém começou aquela tradicional contagem pra ver se não tava ficando ninguém pra trás. Contaram, contaram, contaram, e tchum, faltava uma pessoa.

Ué, quem será, não pode ser, conta de novo, vamu lá, um, dois, três, oito, doze, putz, tá faltando alguém mesmo!

Será, cê contou o gordinho, qual deles, o do boné, acho que sim, melhor contar de novo, um, dois, três, oito, doze, eita, tá faltando mesmo...

Caraca, e agora, quem será, num sei, é o barbudo, num é, é a antipática, num é, é o peludo, tá ali... Até que o meu pai descobriu. E decretou em alto e bom som:

- Aaaah... Tá faltando a dona Imbecília!

Agora tenta imaginar a explosão de gargalhadas que essa frase provocou. Imaginou? Pois pode quadruplicar. E olha, mais engraçado ainda foi o esforço que todo mundo teve que fazer pra segurar a risada na hora em que a mulher reapareceu! Sabe aquela situação em que fica todo mundo se segurando, respirando só pelo nariz, tentando mascar a risada dentro da boca? Se um olhar pro outro, pronto, fudeu. Se alguém deixar escapar um sorriso que seja, todo mundo explode junto. Mas no final a galera se segurou bravamente.

Aliás, deve ser por isso que eu venho contando essa história há 24 anos. Pra ver se eu libero, pouco a pouco, toda a risada que ficou presa naquele dia...

sábado, 14 de março de 2009

ENTREVISTA COM O BISPO (MAS PODIA SER COM O CAVALO)

Putz, nem ia mais escrever sobre isso, porque o assunto já deu. Mas é que eu acabei de ler na Veja a entrevista concedida (ou seria melhor dizer “cometida”?) pelo tal bispo da excomunhão lá. Se você ainda não viu, prepare-se, porque dá nojo. Mas só pra resumir, eu queria comentar três passagens da entrevista:

A primeira é aquela em que ele afirma que “dizem que Hitler chegou a matar 6 milhões de judeus”. Pois é, algumas pessoas realmente “dizem” isso. Mas também pode ser que seja tudo uma brincadeira, sei lá...

Na segunda, perguntado se teria algo mais a dizer sobre o caso da excomunhão, ele disse:

" - Sim, eu lamento não poder ter feito o batizado desses dois bebês. Eu estava planejando uma festa para esse dia, mas não aconteceu”.

Pô, confesso que essa me deixou com pena. Cancelaram a festa do cara! Mas temos que dar aqui mais um ponto pra sensibilidade do bispo! Porque eu não vejo situação mais apropriada pra se fazer uma festa do que o batizado de gêmeos filhos de uma menina de 9 anos violentada pelo mesmo padrasto que também estuprava a irmã dela de 14. Já imaginou que clima gostoso nesse batizado? Hein, fala aí?

E por último, mas não menos repugnante, tem a frase que, na minha opinião, simboliza tudo:

“- Seria tão bom se as criancinhas fossem como antigamente, quando nem tinham uso da razão mas já sabiam rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria”.

Pois é. Mas essa frase, na verdade, me fez pensar que o mundo tá evoluindo. Porque se as criancinhas mudaram mesmo desse jeito, pelo menos isso é sinal de que hoje, felizmente, as únicas pessoas que aprendem a rezar o Pai-Nosso e a Ave-Maria antes de fazerem o uso da razão são os bispos...

quarta-feira, 11 de março de 2009

PERDOAI-OS, SENHOR, ELES TAMBÉM NÃO SABEM O QUE ESCREVEM

Pois é, mais uma vez, habemus caca. Essa deu no L’Osservatore Romano, o jornal do Vaticano:

“A novidade que mais contribuiu para a liberação das mulheres no Século XX foi a máquina de lavar!”

Bom, tá certo que lavar batina deve mesmo dar um trabalho da porra, eu reconheço isso. Mas será que não tem ninguém sóbrio no Vaticano pra mandar esse povo calar a boca?

terça-feira, 10 de março de 2009

MULHER DE SORTE

Eu sempre tive uma baita curiosidade de saber o que os anos fariam com as mulheres ao lado das quais eu já pensei em envelhecer. Acho lindo gente que sabe assimilar com dignidade a passagem do tempo. Por isso eu sempre me perguntei que aparência elas teriam quando chegassem as rugas, os cabelos brancos... E vou te dizer, eu posso apostar que eu ia achar lindo.

Existe até uma teoria que diz que pra tirar essa dúvida a gente deve sempre olhar para as mães delas. Mas não é a mesma coisa. Em algumas famílias talvez até faça sentido, mas a resposta sempre vai ser, no máximo, aproximada. Nunca exata.

Pensando bem, acho que essa curiosidade nem é uma exclusividade minha, né? Imagino até que seja bem comum, e não apenas entre os homens. Mas eu resolvi dizer tudo isso porque agora, voltando do cinema, eu pensei na Angelina Jolie. Essa sim, tem uma puta de uma sorte. Porque enquanto todo mundo se pergunta que aparência terão seus parceiros quando ficarem mais velhos, tudo que ela precisa fazer é entrar numa locadora e alugar O Curioso Caso de Benjamin Button.

sexta-feira, 6 de março de 2009

PERDOAI-OS, SENHOR, ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM

Só pra ver se eu entendi: o cara que estupra e engravida a enteada de 9 anos é perdoado, mas os médicos que salvam a vida da menina são excomungados? É isso mesmo, ou eu ouvi errado?

Caraca, e como é que uma Igreja tão sábia anda perdendo seguidores?

quinta-feira, 5 de março de 2009

O GOL IOGURTE

Quem lembrou dessa história foi o meu grande amigo Rafa. Mas antes de contar o milagre, seria legal apresentar o santo.

Abre parênteses.

O autor da façanha chamava Juliano (ou Giuliano, sei lá). Loiro, cabelo escovinha, óculos de aro de tartaruga, usava sempre uma camiseta do Palmeiras e mexia muito as mãos enquanto falava.
É, talvez o nome dele fosse Giuliano mesmo. Bom, mas tanto faz.

O que interessa é que um dia o Juliano chega na escola fazendo aquela cara de quem tem informações privilegiadas sobre alguma coisa. Sabe quando o cara toma fôlego antes de dar uma grande notícia, mas não fala nada, pra fazer suspense? Eu achei que ele ia dar um arroto, mas aí ele anunciou:

- Eu sei cantar o hino do Grêmio.

A verdade é que quando você tem 9 anos e mora em São Paulo, conhecer alguém que canta o hino do Grêmio não está entre as coisas mais empolgantes. Mas mesmo diante da absoluta falta de reação da galera, o Juliano saiu cantando:

- Até a pé nós iremoooos
Para o que der e dieeeer...

Assim mesmo, “dier”, com d. O saudoso Oléa, que era o cara mais forte da classe, berrou:

- Moleque, você é burro!!! Num é “dier”, é “vier”!!!

Visivelmente contrariado com a interrupção, o Juliano perguntou:

- Você sabe o hino do Grêmio?

O Oléa, claro, respondeu que não. Aí o Juliano deu um sorriso superior, levantou as sobrancelhas e fuzilou:

- Então, COMO você sabe que não é “dier”?

Eu não sei vocês, mas eu achei a lógica do cara inatacável...

Fecha parênteses.

Hora do recreio. Todas as crianças jogando futebol. E Juliano, claro, não podia ficar de fora. Acontece que ele era o único cara que tinha o saudável hábito de não trocar a comida pelo futebol. Deixava sua lancheira ao lado da quadra, e ia comendo durante o jogo, sem prestar muita atenção no que tava rolando.

E então, o milagre aconteceu.

Finalzinho do recreio, jogo empatado, bola pra lá, bola pra cá, e o Juliano saca da lancheira seu iogurte Vigor de Morango. Mas como tomar iogurte jogando futebol não é muito fácil (mesmo pra alguém que aos 9 anos já sabe cantar o hino do Grêmio), nosso herói se esquece do jogo, limitando-se a caminhar pela quadra. É aí que, enquanto ele anda na direção do gol, alguém cruza uma bola na frente da área. E Juliano, marcado apenas pela Natureza e olhando apenas para o seu potinho, encaixa sem perceber a passada na trajetória da bola, e acerta sem querer uma bicuda indefensável no canto do goleiro. O mais legal é que ele foi a última pessoa da quadra a perceber que tinha feito o gol! Mas assim que entendeu o que tinha acontecido, Juliano jogou seu potinho pra cima e saiu correndo de braços abertos pra uma torcida que só ele via, inundando a quadra com aquele iogurte cor de rosa, e selando a grandiosa vitória de sua equipe!

Aí o sinal bateu, todo mundo voltou pra classe, e o Juliano passou o resto do ano dizendo que aquele era o Gol do Século. Mas pra gente, aquilo ficou conhecido mesmo, até hoje, como o Gol Iogurte.

VIDA NOVA

Chegou uma hora em que eu cansei de ser publicitário. Sabe por quê? É muito chato fazer parte de uma classe profissional que todo mundo odeia. Que todo mundo olha feio. É triste ouvir que as pessoas que fazem o que eu faço só querem enganar as outras pra ficar com o dinheiro delas. Sem falar que em todas as piadas o publicitário é sempre o desonesto da história, o enrolador, o filho da puta. É o cara que não tem ética, só pensa nele, blá, blá, blá... Por isso, um belo dia, eu resolvi procurar uma nova profissão.

Agora faltam só 3 anos pra eu me tornar advogado... :o))

quarta-feira, 4 de março de 2009

COISAS QUE EU ODEIO - 00001

Sabe uma coisa que eu odeio? Repórter que diz “as pessoas me perguntam nas ruas...” Ah, ô, tenha dó! Como assim, “as pessoas me perguntam nas ruas”? Você é quem, o Oráculo do Topo da Montanha? Pô, chega na frente da câmera e diz “olha, eu quero falar uma coisa”, e pronto. Ou então cria um blog, sei lá. Mas não vem com esse papinho, né?

Aliás, eu nem ia falar desse assunto, mas vocês sabem, as pessoas me perguntam nas ruas o que eu acho sobre isso, e eu achei melhor escancarar logo a minha opinião...

terça-feira, 3 de março de 2009

O ABP

Eu tenho uma tese.

Hahaha, já posso imaginar você pensando “huummm, lá vem...”, mas espera só um pouco porque a tese é boa.

É o Adicional de Burrice na Pena.

O ABP é um projeto que aumentaria a pena do condenado se ficasse provado que ele foi muito, muito burro, quando cometeu o crime.

Tipo aquele cara que assaltou uma casa no Campo Belo, e foi preso no dia seguinte porque tinha deixado cair o RG na sala da vítima.

Ou aquela quadrilha de São Bernardo que até lembrou de falsificar as placas do carro roubado, mas aí foi lá e escreveu “Frorianópolis” nas duas.

Fala aí, esses caras não merecem ficar presos mais tempo que os outros?

Dá até pra dizer que o ABP funcionaria como uma espécie de Darwinismo Jurídico, isolando da sociedade por mais tempo os caras que não conseguem ter pelo menos aquele mínimo de neurônios que alguém precisa pra virar ladrão.

Mas vejam, a pena só aumentaria se o ato estúpido em questão tivesse alguma relação com o crime. Fora do submundo, a pessoa pode ser burra o quanto ela quiser, sem ser importunada pela polícia. De repente pode até ser presidente, sei lá.

TRAGÉDIA GREGA

O ano era 1988, eu tava no primeiro colegial. Todo mundo ali, reunido na porta da sala de aula esperando a professora chegar. Aí aparece aquela cabecinha lá longe, começando a descer na nossa direção. Foi a senha pra galera resmungar:

- Pãããtsa, ela já tá vindo...

- Já? Pãããtsa...

- Pãããtsa... (pois é, a gente gostava meeesmo daquelas aulas de Filosofia...)

Mas o que interessa é que aí alguém vira e pergunta:

- Cês leram o texto pra prova?

- Li.

- Eu li.

- Pãããtsa, eu li.

- Texto? Que texto?

Esse último, claro, era eu. E não é que eu tinha esquecido de ler o texto. Eu não sabia era que havia um texto que tinha que ser lido. Muito menos que sobre esse texto haveria uma prova. E foi aí que uma das maiores demonstrações de coleguismo da história se transformou numa das maiores merdas da minha vida escolar.

Nesse momento a professora ainda não havia chegado na metade do caminho, até porque velocidade não era muito o forte dela. Era daquele tipo que falava baixinho, zen pra cacete, sempre de bata, cabelão encaracolado. Dava aula sentada em cima da mesa, balançando as sandalinhas. Resumindo, ela misturava a aparência da Janis Joplin com a animação do Charlie Brown. Deu pra imaginar, mais ou menos?

Pois bem, enquanto ela chegava, meus fiéis e queridos amigos iniciaram uma tentativa desesperada de me contar o que fosse possível a respeito do tal texto. Pelo menos pra eu não zerar na prova. Todo mundo falava ao mesmo tempo, cada um acrescentando uma parte da história, e eu ouvia tudo aquilo de olho nos passinhos da mulher que se aproximava. O que se seguiu foi mais ou menos assim:

(Rafa) – Bom, o texto era sobre Antígona.

(Eu) - Antígona?

(Pedro) - Isso. É do Sócrates. Não, do Sófocles.

(Eu) – Sócrates ou Sófocles?

(Pedro) - Sófocles, Sófocles...

(Eu) – Tá.

(Rogero) – Antígona era uma mulher que vivia na Grécia.

(Eu) – Beleza.

(Marcio) – É, era uma puta lá...

(Eu) – Tá.

(Fábio B) – Ela era irmã de Ismene.

(Eu) – De quem?

(Fábio B) – Is-me-ne.

(Eu) – Ah, tá, Ismene, beleza...

(Chris) – Coloca que ela se revoltou contra a tirania.

(Noro) – Isso, que ela enfrentou Creonte!

(Eu) – Tá, Ismene, tirania, Creonte... Beleza, o resto eu enrolo. Valeu, galera!

Sem brincadeira, fiquei até comovido com aquela demonstração de parceria! Todo mundo unido pra me tirar do sufoco. Mas percebam, aquele era um momento de aflição. Eu tava absorvendo qualquer informação que me dessem. QUALQUER informação...

Corta pra semana seguinte, dentro da sala de aula. A professora, sentadinha em cima da mesa, distribui as provas, chamando o aluno e dizendo a nota dele pra todo mundo. De repente, vem a bomba:

- Eduardo... (sim, meu nome é Eduardo). Zero.

Mas ela não falou “zero” com pena. Ela falou “zero” com raiva. Com ódio. Rancorzão, mesmo. E enquanto eu me levantava pra ir buscar minha prova com cara de bunda, ela olhou pra mim e disse:

- Eu só queria descobrir de onde você tirou que Antígona era uma prostituta...

Naquele momento os olhos daquela mulher diziam que ela me odiava. Eu olhei pro Marcio, que afinal era a fonte daquela informação, mas ele só fechou os olhos, deu um tapa na testa e resmungou “puta, Duda, você é burro pra caralho...”

Resolvi contar essa história gigante no meu primeiro post porque ela ressurgiu nesse final de semana, na quarta ou quinta comemoração do meu aniversário, justamente no jantar em que alguns amigos me incentivaram a criar esse blog. Estavam lá o Fábio G, a Paty, o Paulão, a Silvia... e o Marcio, que só de sacanagem me deu uma edição de bolso da Antígona. Finalmente, 21 anos depois, eu vou descobrir o que essa mulher fazia da vida! Mas se ela beijar alguém nessa história, ou der uma piscadinha que seja, eu vou lá no meu colégio pra pedir revisão de nota...