sábado, 20 de junho de 2009

CAPÍTULO 0001

Depois de andar mais de 2 horas sob a chuva, John Millencamp-De Witt, o mais valoroso tenente-coronel da Aeronáutica da Bélgica, finalmente encontrou o bar. A porta era uma daquelas típicas dos saloons dos filmes de velho oeste, o que não fazia o menor sentido, porque o bar ficava no centro de Shangai.

Millencamp-De Witt pendurou o casaco ensopado no cabideiro ao lado da entrada e seguiu direto para o balcão. Sentou-se no único banquinho vazio e não demorou a perceber que alguma coisa o incomodava. Sim, era isso! O homem ao seu lado estava olhando diretamente pra ele. Voltou-se para o homem, e descobriu que o tal observador era o Lech Walesa. A conversa foi curta:

- Opa.

- E aí?

Nesse momento o barman chinês se aproximou, vestindo uma camiseta do A-Ha. Millencamp-De Witt o cumprimentou em tcheco, idioma que, obviamente, o chinês não falava. Millencamp-De Witt fez um sinal para que o chinês se aproximasse, e pediu:

- Me vê um bauru.

O chinês apertou os olhos, desconfiado, perguntando-se se aquele pedido teria alguma relação com a quebra do seu despertador naquela manhã. Mas aí o Lech Walesa espirrou, e o chinês levou um susto e arregalou os olhos, portanto, na média, o olho dele permaneceu do mesmo tamanho o tempo todo.

Millencamp-De Witt então correu os olhos pelo bar, contendo um bocejo. O barman chinês voltou, e ofereceu enguias em conserva, mas Millencamp-De Witt recusou, sem conseguir disfarçar uma careta.

Um vendedor de livros de cordel se aproximou arrastando as sandálias, e perguntou se Millencamp-De Witt não gostaria de comprar um exemplar, mas Millencamp-De Witt disse, em tcheco, que não falava chinês. Como este chinês também não falava tcheco, começou a cantar “Dancing Queen”, como é sabido que os chineses fazem quando não conseguem vender seus livros de cordel. Millencamp-De Witt então sorriu, e fez com que o autor da história se arrependesse por não ter lhe dado um sobrenome menos complicado, porque, convenhamos, escrever Millencamp-De Witt toda hora enche o saco.

O barman chinês trouxe então o bauru de Millencamp-De Witt. Imediatamente, o barulho da chuva no teto de amianto pareceu mais forte, ecoando pelo salão.

E foi aí, nesse exato instante, que a Daniela Mercury entrou no bar.

(Continua)

2 comentários:

  1. ó, não quero ser 'a jesuíta' da literatura na internet, mas espero que a continuação desta história leve em conta o fato do sobrenome Millencamp-De Witt ser um sobrenome tipicamente holando-suiço e não belga. senão vai parecer que o autor não está preocupado com a coerência da narrativa... humpf...

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