Antes de você começar a ler, já vou avisando que esse post vai ser longo... Rsrsrs
Nos últimos dias eu pensei nesse texto que escrevi no Carnaval de 2005 ou 2006 e mandei pra alguns amigos. Tô reproduzindo cortando alguns pedaços pra coisa não ficar ainda mais longa, e depois eu conto por que lembrei dele.
(Ah, só uma coisa: essa expressão “maionese”, que aparece várias vezes, a gente usa entre amigos, e significa o mesmo que “pão com ovo”, “cafona”, “excessivamente desglamourizado”, você sabe...)
Então lá vai:
MESTRE CIRILO
Eu tentei. Nesta sexta-feira de carnaval eu tentei acompanhar a manifestação popular mais cheia de maionese do planeta.
Superei o fato de o Chico Pinheiro insistir que a tal escola que homenageava o México devia ser convidada pelo governo mexicano pra ir desfilar lá no país.
Superei a insistência dele na idéia de que se as crianças do mundo conhecessem o verdadeiro carnaval brasileiro, “aquele ratinho (também conhecido como Mickey Mouse) ia ficar desempregado”.
Superei as explicações do tipo “com esta fantasia com pluma roxa e chapéu lilás o carnavalesco simboliza a busca incessante do homem pela harmonia com a Galáxia de Andrômeda”, ou “com este carro alegórico que corre água e faz piuí, o carnavalesco quer passar a confiança dos búlgaros na paz no Afeganistão”.
Mas aí veio a Vai-Vai.
Levantando a avenida, como eles dizem, embora todo mundo saiba que aquela porra de sambódromo não é uma avenida. A Marginal Tietê, onde ele fica, sim, é uma avenida, mas a “passarela do samba”, o duto da maionese, não é uma avenida. Está ocupando um espaço que poderia ser transformado em avenida, diminuindo o trânsito e servindo pra alguma coisa útil, mas não é uma avenida. E a não ser que as pessoas que passavam pela Marginal naquele momento tivessem ficado de pé, me pareceu estúpido ouvir que a Vai-Vai levantou a avenida. Mas tudo bem, eu superei isso também.
Só que então a câmera mostrou a bateria. Maioneeeese. Todo mundo feliz. E a câmera correndo entre os instrumentos. Elogios para o ritmo. Elogios para a fantasia. Elogios para a competência. E surge um ser na tela, muito, muito feliz. E então a Lecy Brandão (quem mais?) me solta a pérola:
- Mestre Cirilo!!! (assim, como se fosse uma acusação. Mas não era uma acusação. Era a introdução de uma biografia única na cultura maionésica. Porque Mestre Cirilo tem uma emocionante história de vida. Mestre Cirilo é brasileiro e não desiste nunca. E sabem como eu sei? Porque a Lecy, cheia de admiração, completou a apresentação)
- ... 30 anos dedicados ao tamborim!!!
FILHO DA PUTA!!!!!!!!
O cidadão dedicou 30 anos da vida dele ao tamborim!!!! Podia ter feito alguma coisa útil pra humanidade, podia ter construído um puxadinho, ter ajudado a mãe a arrumar a cama, ter olhado o filho de alguém, ter doado sangue, ter varrido a rua, ter criado uma ONG, sei lá, mas Mestre (???!!!) Cirilo preferiu dedicar 30 anos ao estafante domínio do tamborim.
Isso significa que antes de eu completar 3 anos Mestre Cirilo já estava enfurnado em sua residência dedicando-se ao seu objetivo de vida. Não pediu Diretas Já, porque estava aperfeiçoando seu breque. Não viu o Collor cair, porque estava estudando um novo repique. Não ligou pro onze de setembro, porque estava buscando a tensão perfeita do couro.
Deve tocar tamborim pra cacete, o Mestre Cirilo (eu não sei, porque eu desliguei a TV). Mas, mesmo assim, eu quero que ele e a Lecy Brandão vão pro inferno.
Bom, o texto era esse. E eu andei lembrando dele por causa do Luca Badoer, esse piloto italiano que tá substituindo o Massa na Ferrari.
Luca Badoer é o piloto de testes da equipe há 10 anos, mas como nessa temporada os testes foram proibidos, ele é um piloto de testes que não testa. Deve compensar buscando Coca-Cola pra galera, fazendo uns sandubas pros mecânicos, ou então coçando as costas de quem tá de luva. Mas o que importa é que são 10 anos esperando uma chance. Esperando, e esperando, e esperando...
E então, bum!
O Massa cabeceia uma peça do carro do Rubinho, o Schumacher diz que vai, mas num vai, e a chance aparece. E aí o cara vai lá, senta no carro, acelera tudo que pode e, caraca, larga em último e chega em último! De Ferrari, porra!
Mas tudo bem, vamu lá, tô só esquentando, na próxima eu ganho, agora vai, lá vou eu e... vem a segunda corrida e o cara larga em último e chega em último de novo.
Fiquei imaginando o que deve tá passando na cabeça desse cara. Tipo, dedicar 10 anos a um sonho e, na hora de realizá-lo, ver as coisas acontecerem do pior jeito possível. E por duas vezes, que é pro cara não poder nem culpar o azar! Que merda, imagina?
Por isso, tenho quase certeza de que o Luca Badoer deve estar se perguntando se não devia ter investido esses últimos 10 anos em outra carreira. Hoje, talvez faltassem só mais 20 pra ele detonar no tamborim...
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
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HAHAHAHAHA
ResponderExcluiré o máximo o jeito que vc escreve (vc sabe disso , né?)
eu quase morri com o breque, o repique e a tensão perfeita do couro do mestre Cirilo.
E AMEEEI maionese. o duto da maionese! hahahaha sensacional!
Mas terminei com um pouco de dó do Badoer.
As vezes a vida é assim mesmo... e tudo que a gente queria é que não tivesse ninguém reparando tanto assim. pensei.
Puxa, Méliss, fiquei até emocionado... rsrs
ResponderExcluirBeijo!
Rarararará! Só você, mesmo.
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