sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MÃE E FILHA

Pois é, voltei.

E esse post de retorno ao blog é, pra mim, muito especial.

Já vivi quase 38 anos, mas posso dizer sem medo de errar que o dia mais triste da minha vida está separado do dia mais feliz por apenas 2 meses. São míseros 60 dias. E o resto, comparado com eles, virou tudo coadjuvante.

No dia 20 de setembro eu perdi minha mãe, e com ela, uma parte incalculável da minha alegria.

Nos primeiros dias, obviamente, eu não tinha vontade nenhuma de escrever qualquer coisa. Com o passar do tempo, quis muito escrever uma homenagem pra ela aqui. Comecei várias. Não terminei nenhuma. Simplesmente porque nenhuma era boa o suficiente pra falar dela do jeito que ela merecia. E enquanto eu não postava a homenagem, me parecia injusto escrever sobre qualquer outra coisa.

Levei meses pra perceber que o que eu tava tentando fazer era impossível. É óbvio que nenhuma homenagem que eu possa vir a fazer algum dia vai ser boa o suficiente pra simbolizar o quanto eu sou agradecido por ter vindo aqui pra Terra como filho dela. Eu nunca vou conseguir botar isso num papel. E finalmente eu percebi que o que eu posso fazer é ir contando histórias legais sobre ela, pra que todo mundo possa ter uma idéia da pessoa fantástica que ela foi.

Exatos 60 dias depois, numa sexta-feira, a The me ligou dizendo que achava melhor eu não ir pra faculdade. Eu disse a ela que precisava ir, porque tinha que pegar com os colegas a matéria pra prova de segunda. Mas ela me convenceu que era melhor eu vir direto pra casa, com um argumento inatacável: o exame de gravidez que ela tinha feito havia dado positivo!

CARAAAAAACA!!! Eu vou ser pai!!!!!

Quase bati o carro. Meu primeiro pensamento foi sobre o quanto eu gostaria de ter dado essa notícia pra véia. Talvez isso tivesse dado a ela um pouco mais de forças pra lutar. Não sei, nunca vou saber. Mas tenho certeza de que ela curtiu muito a notícia lá em cima, até porque ela soube antes da gente.

Hoje a gente já sabe que quem vem por aí é uma menininha, que deve nascer em julho.

Vai se chamar Letícia.

As primeiras 10 semanas de gestação estão sendo bem tranquilas. A The não enjoa nada, e tudo segue bem. A gente, claro, não pensa em outra coisa, e a cada dia que passa, aumenta o frio na barriga.

Por isso, esse post é dedicado a você, mãe, e a você, filha. Amo vocês.

Agora vou acabar de me arrumar pra ir até a casa dos meus sogros, onde a gente vai passar a noite de Natal. Meu primeiro Natal sem uma. Meu primeiro Natal com a outra.

Confesso que, desde já, tô com uma vontade filha da puta de chorar.

Metade de tristeza. Metade de alegria.

4 comentários:

  1. e' bom quando a gente percebe que as dores da vida não impedem a gente de tocar pra frente...
    bem vinda Leticia!
    que seja divertida como o pai e bonita como a mae.
    ;-)

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  2. Bem vindo de volta, Duda. Post lindo. Família linda e crescendo! Alegre-se e alegre-nos com seus posts.
    Feliz 2011!
    Abração.

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  3. Lindo o q vc escreveu, e realmente quem conheceu a Marisa fica dificil descreve-la, deixa pra' la', o tempo vai contando...
    A Leticia vem ai' e eu mais do q ninguem entendo essa sensação de alegria e tristeza ao mesmo tempo, lembra do nascimento da Bia e a morte do meu pai, pois e' Duda Deus reserva cada uma pra' gente, por isso e por mt mais q vale a pena viver!!!! Bjs Silvia Bon

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  4. Putz, ainda não tinha visto este blog e nem lido nenhum post. Depois de ler este, me arrependo de não ter entrado aqui antes. Talento raro pra escrever, que eu tive a sorte de compartilhar por algum tempo. Muito, pr'aquilo que eu mereço, pouco pra o que eu gostaria. Abraço e muita saúde pra vocês 3! Guz

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